A chegada de Evangeline

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Minha mamãe começou a sentir as dores do parto durante a noite. Ela achou que era gases ou algo do tipo, mas as cólicas pioraram ao passar do tempo. Meu pai a levou para o hospital e eu o pedi para ir junto, mas ele não deixou e agora eu tenho que procurar algo para me distrair até que eles voltem, mas nada consegue me distrair. Os criados sofrem tentando me oferecer algum brinquedo ou algum filme para que possa me distrair, mas só consigo pensar no que está por vir.
Eu lembro que, quando eu era bem mais novinho, meu pai me carregava com ele para onde ele fosse, sempre tentando me ensinar algo, mas eu nunca entendia o que estava fazendo. Um dia eu dei as minhas primeiras palavras e foram "papa", e, diz minha mãe, que ele deixou escorrer uma lágrima, mas a secou imediatamente porquê ele tem que manter a pose de durão. Mas hoje, nesse momento, outro filho está nascendo para fazer ele chorar novamente e eu não sei se quero ver isso.
Peço a um dos criados para me levar ao meu quarto porquê eu queria tentar dormir para me "distrair" enquanto meus pais não chegam com o novo integrante da família.
Quando me deito, pego no sono rápido e começo a sonhar.
Sonho que estou voando em um céu repleto de nuvens brancas como algodão e elas brilham com a luz do sol. Meu pai está flutuando no meio das nuvens a minha frente, mas ele está longe. Minha mãe aparece ao lado dele e segura a mão dele, mas ela não está com barriga. Tento voar mais depressa para eles, mas aí eu vejo uma criança caminhando atras deles, da a volta ao lado de minha mãe e para na frente deles. Essa criança tem, mais ou menos, o meu tamanho, mas não tem rosto, não tem cabelos, parece mais um manequim. Eu tenho achar algo no rosto dele, mas não tem nada. Ele levanta uma das mãos e acena para mim e nesse momento eu começo a cair. Olho para baixo e vejo o chão se aproximando cada vez mais rápido, e quando vou chocar contra o chão, eu acordo.
Olho em volta, assustado, com um pouco de suor frio grudado em minha pele, e encontro uma criada me olhando.
-Está tudo bem, Ptolemus. Você só teve um pesadelo. Seus pais chegaram e estão aguardando você.
-Não fale comigo, vermelha.
Levanto na cama, coloco meus sapatinhos e passo direto pela criada.
Meus pai sempre falou para não dar moral para os vermelhos e é isso que eu estou fazendo.
Vejo uma movimentação na casa, está cheia de criados andando de um lado para o outro. Caminho até o quarto de meus pais e fico parado na porta, olhando eles.
Minha mãe está sentada na cama, segurando o bebê. Meu pai está sentando na beira da cama, ao lado de minha mãe. Os dois sorriem para o bebê e depois se olham, sorrindo um para o outro.
Abro mais a porta, para que notem minha presença e ambos me olham, ainda sorrindo.
-Vem, filho! Conhecer sua irmãzinha. -minha mãe diz com uma voz doce, mas cansada. Ela parece tão frágil agora, porém está feliz, isso é o que importa.
Ando devagar até eles e vou até o lado de minha mãe. Subo na cama com um pouco de dificuldade e ando, com os joelhos apoiados na cama, até minha mãe e minha irmã.
-Ela não é uma graça, Ptolemus? -meu pai pergunta enquanto acaricia o rosto da bebê.
-Ela vai se chamar Evangeline. Evangeline Samos! O que acha, querido? -minha mãe me olha e eu olho para Evangeline.
-Acho que combina com ela. Parabéns, mãe. -me sento ao lado de minha mãe e ficamos ali, admirando a nova Samos.
Sei que não serei mais o queridinho, não tem como competir com um bebê novo, ainda mais uma menina! Ela com certeza será a princesinha da casa, mas estou feliz por ter ganhado uma irmã. É, eu estou feliz. Ver meus pais felizes é uma coisa muito boa que não acontece com muita frequência. Geralmente estão ocupados demais ou casados por causa do trabalho que exige muito deles. Agora eu cuidarei dela, serei o melhor irmão do mundo para ela, e deixarei meus pais descansado de ter que cuidar e proteger mais alguém.
Acho que finalmente eu percebi que nem sempre as mudanças são tão ruins. Agora eu terei alguém para treinar e brincar quando os meus pais não estiverem comigo.
Olho para minha irmãzinha e acaricio levemente sua cabeça.
-Bem vinda, Evangeline. -sussurro e olho para meus pais. Eles estão sorriso, então eu sorrio.
Esse momento com certeza ficará marcado de uma forma boa, então eu vou aproveita-lo ao máximo, junto com a minha família e a mais nova integrante dela.

Vik: Oi, leitores! Como eu disse no Conto anterior, não sei quantos anos Ptolemus é mais velho que Evangeline, então, nesse conto, ele tem entre 4 e 5. Se a Victoria publicar a idade dele, esse conto será apagado ou modificado.
Obrigada pela atenção.

A Cabeça da CobraWhere stories live. Discover now