Lembranças do passado

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Quando eu era mais novo, eu consumava acreditar que as pessoas escreviam suas próprias histórias, mas tudo mudou quando comecei a ver as coisas como realmente são.
Minha irmã mais nova, Evangeline, tem que ser a mais adorável para a família real, e a mais temida por seus inimigos. Acredito eu que ela é nova demais para essas coisas, mas eu também comecei assim, a diferença é que eu não tenho que agradar a família real, tenho que servi-los, como um bom membro de uma grande Casa.

Hoje eu ajudarei minha irmã com seu treinamento, pois ainda é não tem muito equilíbrio. Ela é apenas poucos anos mais nova que eu, mas parece tão pequena e frágil, meu dever é protegê-la. Meu pai costuma dizer que eu sou protetor demais, mal sabe ele que não é atoa.

-Consegue correr sem cair dessa vez? -Provoco assim que ela adentra a sala.
-Ha ha, engraçadinho. Eu andei treinando sozinha, estou mais rápida. Mais rápida até que você. -Ela sorri de um jeito confiante e sinto uma ponta de orgulho.
-Consegue demonstrar ou só veio para conversar?
-Vou querer massagem nos pés depois disso. -Ela diz e começa a se preparar para a corrida. Faço como ela e a acompanho pelo trajeto.
-Não deveria dizer isso para mim, e sim para uma criada.
-Eu só comentei, não precisa responder assim. -Ela me dá um leve empurrão com o ombro e sorri.
-Não gaste palavras desnecessárias, Evangeline.

Embora eu seja um pouco rígido com ela, só quero protegê-la, sendo assim, ensinar à ela como as coisas são. Ninguém vai pegar leve com ela, ela terá que adaptar-se à uma vida prateada.
Ao terminar à corrida, eu a observo testando sua pontaria e seguro um sorriso ao vê-la obter êxito em seus movimentos. A cada sucesso dela eu percebo que, embora seja duro com ela, estou obtendo sucesso em torná-la uma prateada impecável.
-Já acabou? -Ela pergunta com uma voz cansada.
-Já acabou faz uns 10 minutos.
-E por que você não me avisou?! Estou exausta.
-Ainda quer a sua massagem, Lady Samos? -Dou um meio sorrio.
-Por favor, Lord Samos. -Ela faz uma reverência quase perfeita e da uma risada contagiante. -Nunca vou me cansar disso.
-Eu sei. -continuo sorrindo de lado e ofereço o braço para ela antes de sairmos. -Madame...
-Senhor... -Ela segura meu braço e, embora esteja cansada, o segurou com uma força que me fez olhar para ela e admira-lá não como uma prateada, e sim como uma irmã.
São raras as vezes que isso acontece. Parece que ela sempre será uma adolescente sorridente, parece que nunca vai crescer. Talvez ela não precise mais de mim no futuro, eu sei que não vai, mas sei que sempre terá uma parte de mim nela. Sempre seremos irmãos.

A acompanho até seu quarto onde tem uma criada preparando seu banho e a deixo ali, apenas beijo com um testa e volto aos meus afazeres, como sempre. Às vezes ela fica irritada, diz que um beijo na testa não é o suficiente, e eu sempre digo para ela parar de ser tão mimada. Sorrio ao imaginar a cena e, embora ela não saiba, eu a amo, e um beijo na testa realmente não significa nada, talvez não para ela, mas para mim tem um significado único, que pode passar o tempo que for, posso conhecer uma quantidade infinita de pessoas, mas são poucas as que merecem a minha atenção e um gesto como esse...

A Cabeça da CobraWhere stories live. Discover now