Capítulo 2

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POV Dinah

A hora se aproximava de uma da manhã, eu já havia olhado incontáveis vezes pra aquela porta esperando vê-la. Parecia ser loucura minha ansiedade em vê-la todos os dias, mesmo que ela só aparecesse alguns dias da semana, mesmo que ela nunca me notasse. Talvez eu não fizesse seu tipo. Que pensamento, eu sou o tipo de todas as pessoas, homens e mulheres, qualquer um teria sorte em me ter.

Desde que eu começara a trabalhar no bar daquela boate eu a via, e nesses meses pude reparar em muitas coisas, uma delas, a que mais me chamava a atenção é que ela sempre vinha em roupas que pareciam de trabalho, o que me fazia pensar que ela era daquelas mulheres viciadas em trabalho que saíam tarde da noite e não queriam saber de mais nada.

Dizem que quando menos esperamos algo, esse algo acontece. Já havia desencanado de qualquer aparição hoje, mesmo sendo quinta-feira, ela sempre vinha às quintas. Virei-me de costas pra porta por um momento, atendia um pedido de um dos clientes, eu me encaixava tão bem aqui que os clientes me bajulavam demais, e eu sei que deveria ser ao contrário, mas eu não iria reclamar.

Termino de pegar a bebida e também de prepará-la, quando me viro de frente novamente, lá estava ela, a morena com a pele mais pálida que eu já tinha visto em toda minha vida. Sinto meu coração pular uma batida. Calma! Eu disse coração? Eu só podia ter perdido o juízo. Não importa agora também, ela não tira os olhos de mim e eu não consigo tirar os olhos dela.

Até que despertamos do nosso transe, provavelmente pelo fato da chegada da segunda morena, Normani, atrás da minha morena. Minha? Novamente, não importa. Não sei se ela fez aquilo pra me provocar, mas vê-la com outra fez meu sangue ferver, eu queria ir até lá e arrancar Normani de seus braços. Sempre que eu tomava um pouco de coragem pra chegar nela, Normani estava na boate e tirava minhas chances. Talvez minha teoria fosse falha e eu não era o tipo dela realmente.

Senti um par de mãos em minha cintura, uma de cada lado virando meu corpo no outro sentido. Então pude ver que era Siope, meu namorado, ou ex-namorado, ele não era muito bom em entender todas as vezes que eu disse que não queria mais. Até eu não entendia como eu sempre acabava cedendo aos pedidos dele, única explicação: nenhuma.

Forcei um sorriso quando vi que era ele, era um sorriso forçado, mas era melhor do que revirar os olhos.

— Ei, já está na sua hora, vamos sair daqui? — Ele veio me perguntar com a boca encostada na minha orelha e já podia sentir o hálito quente dele descer por meu pescoço, mas parecia que aquilo não surtia nenhum efeito em mim, não conseguia nem me forçar a ficar arrepiada. — O que foi? Está distraída. — Ouvi novamente sua voz e me afastei para olhá-lo, até passei a mão por seu rosto, dando tapinhas na maçã de seu rosto com as pontas dos meus dedos.

— Não, estou bem, aonde quer ir? — Perguntei de volta, atentando-me aos pequenos detalhes do rosto de Siope, com nossa proximidade eu conseguia enxergar todos os poros, até pequenas manchas quase imperceptíveis. Eu gostava antes, agora tudo que consigo pensar é em como a pele daquela garota pálida não deveria ter nada disso e em como deve ser lisa, e macia.

Claro que Siope não sabia o que eu pensava, na realidade, e tive minha prova quando senti sua boca tomar a minha. Tive que pensar rápido pra entender o que acontecia, mas não rápido o suficiente pra corresponder. Senti-me se puxada depois, passando pela pista onde várias pessoas dançavam, quando me deparei a direção que ele me puxava e um par de olhos verdes grudaram em mim novamente. Não consegui desviar meu olhar, mesmo enquanto me afastava, mesmo quando ela já não me olhava mais, mesmo quando ouvi meu nome sair da boca daquele que me arrastava pra fora dali.

A última coisa que vi antes de passar pela porta foi minha morena levando a outra morena para o canto da boate que eu já sabia para o que servia. Por um momento senti inveja de Normani, queria ser ela. No momento seguinte eu senti ciúme novamente, mas já não queria ser Normani, queria tomar seu lugar. Num terceiro momento tudo passou, não queria ser Normani, não queria tomar seu lugar, eu teria o meu lugar e seria só meu.

Senti o vento gelado da cidade na madrugada bater contra meu rosto e meus braços se arrepiaram na hora, eu não usava nenhum casaco por cima dos meus ombros, sempre esquecia de trazer um, sempre esquecia como a temperatura caía drasticamente a essa hora da madrugada. É claro que Siope nem se deu conta de tentar fazer meu frio passar, ele só ficava esperando o manobrista trazer seu carro, ele gostava de ver o veículo chegar e admirar a parte frontal, ele sempre sorria como se estivesse ganhando na loteria todas as vezes, homens.

A noite estava longe de acabar, eu não deveria ter saído da boate com Siope, deveria ter esperado Ally ir me buscar para irmos para o apartamento que dividíamos desde que eu chegara naquela cidade grande, se não fosse por ela eu teria voltado pra casa no terceiro dia.

Siope colocava sua mão em minha perna sempre que ele tinha a oportunidade, parecia que eu nunca podia usar uma saia ou vestido mais curto que ele tinha que me tocar. A mim e todas as amigas dele, aparentemente. No começo eu ligava, morria de ciúme, mas hoje em dia eu não via o dia que ele sumisse com alguma delas.

— Se eu te pedisse pra me levar pra minha casa, você levaria? — Perguntei a ele, tirando minha atenção da janela para olhar seu rosto, já imaginando qual seria a resposta que eu receberia.

— Você sabe que sim, baby, adoro passar a noite com você lá. — E a resposta veio como eu imaginava, ele incluso na minha noite de qualquer maneira. Talvez se eu começasse a fingir que estava doente e que iria vomitar, ele me deixasse em paz. Tão narcisista e cheio de si, só se preocuparia se ficaria doente também. Tão realmente cheio de si que percebi a inversão de caminhos para ir à minha casa.

— Não, Siope, não me sinto bem. — Respondi formando um bico em meus lábios, forçando uma tosse em seguida. Foi o suficiente para convencê-lo ao ver a forma como ele assentia com a cabeça. — Ally já está chegando, não ficarei sozinha. — Terminei de dizer pra fingir que eu acreditava que ele se importava com qualquer coisa desse tipo.

— Está bem, é melhor você descansar mesmo. — Ele respondeu pra mim e eu podia perceber seu tom falso na voz. Repito: homens.

Não demorou pra que chegássemos na frente do meu prédio e desci do carro agradecendo a carona, mas respirando aliviada por não ter que lidar com ele mais.

Dessa vez eu estava decidida, primeiro passo pra ter minha morena, primeiro passo pra me livrar de Siope.

Adentrei pela portaria do prédio,acenando um boa noite ao porteiro e não vendo a hora de chegar ao meuapartamento, tomar um banho bem quente e cair na minha cama. Eu adorava opensamento de que eu não teria que acordar cedo, apesar de sempre pensar isso esempre acordar antes das 8 da manhã todos os dias. Nem ouvi quando Ally chegou,dormi no momento que encostei minha cabeça no meu travesseiro.    

Dame Esta Noche - LaurinahOnde histórias criam vida. Descubra agora