Capítulo 4

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Enquanto nós duas esperávamos pelo carro, como se fosse uma força invisível, a cada segundo que passava nos aproximávamos mais e mais. Quando percebi, meu braço havia tocado o braço de Dinah, mas nenhuma de nós fez movimento algum pra se afastar uma da outra. Num relance de olhos para baixo, desviei um pouquinho só meu olhar e pude ver os vários pontinhos no braço da mulher ao meu lado indicando que ela estava toda arrepiada.

Salva pelo gongo, quando minha vontade de tocá-la estava vencendo, Tom estacionou com o carro em nossa frente e agradeci apenas com um meio sorriso e assentindo com a cabeça. Quando ia indicar para Dinah entrar no carro, ela já estava abrindo a porta e entrando antes de mim, parecia com pressa de sair dali, então não disse nada e entrei no carro pelo lado do motorista, dando partida no carro e arrancando para fora dali.

Eu não sabia pra onde ir, apenas dirigia sem rumo até que alguma ideia surgisse na minha cabeça, mas dez minutos passados dentro daquele carro e eu conseguia sentir o ar pesar cada vez mais. Ainda mais quando eu percebia o olhar dela em mim, nos momentos em que ela provavelmente achava que eu não estava olhando. Mas eu estava. Sentia aquele par de olhos escuros me perfurando, me queimando, fazendo-me queimar de vontade de parar aquele carro e roubar um beijo dela, levar ela pra minha casa e não sair de lá.

Cada vez ficava mais difícil de me concentrar, e logo eu que nunca acreditei em destino, uma luz no final do túnel parecia me salvar. Jamais vou admitir isso pra mim mesma, não passava de uma mera coincidência.

O frio ainda permanecia, mas eu não me importava, talvez um ar frio me caísse bem. Isso mesmo, tudo frio hoje, nada quente. Frio é bom, quente é ruim. Gelado é melhor ainda, talvez eu comprasse um sorvete até. Mas foi quando parei o carro que o sorvete que nem existia se derreteu todo. Senti a mão de Dinah em meu antebraço e como um imã que me atrai, olhei pra ela.

Esperei que ela dissesse algo, mas nada saiu de sua boca, então curvei os cantos dos meus lábios e destravei as portas do carro quando estacionei. Ela saiu antes de mim sem questionar nada, e eu rapidamente alcancei no banco de trás procurando por minha jaqueta de couro preta. Eu não me importava com o frio, mas Dinah com certeza sim.

O Central Park durante a noite era um lugar definitivamente mais vazio do que durante o dia, apesar de ter os guias de passeios ciclísticos e outras pessoas que são noturnas, era um lugar pra se relaxar. Andamos novamente lado a lado sem falar nenhuma palavra sequer. Encontrei um banco para sentarmos, mas Dinah passou reto e foi direto para a grama e quando percebeu que usava um par de saltos com os saltos bem finos, elas os tirou sem se importar com nada e continuou andando.

E eu? Eu estava parada feito boba, olhando-a se distanciar de longe até que ela virou pra trás, olhando pra mim com um tom de deboche no olhar.

— Vai ficar aí parada ou vai vir aqui comigo? — Ela perguntou, e se não fosse uma pergunta simples eu não saberia responder, porque o vento batia em seus cabelos, deixando que algumas mechas do seu cabelo ficassem sobre seu rosto e eu duvidava que havia visto coisa mais linda em toda minha vida.

Não respondi com palavras, andei em sua direção o mais rápido que pude entender porque ela havia tirado os sapatos. Mas eu não tiraria os meus, então aguentei firme até que ela escolhesse o lugar que ela queria e sem mais, nem menos, sentou-se na grama e deitou pra trás, olhando o céu acima de nós. Dessa vez não a deixei esperando muito e sentei-me ao seu lado, deitando da mesma forma que ela havia feito.

Eu tentava muito controlar minha respiração, mas estar tão pertinho dela assim, sentir aquele perfume doce que nem que eu tivesse imaginado seria próximo ao que é realmente. O céu estava limpo hoje, era possível ver todas as estrelas nele e nesse momento desejei entender sobre as constelações pra poder puxar algum papo com aquela loira incrível ao meu lado. Mas em meio a pensar o que eu falaria, meus pensamentos foram cortados por ela.

Dame Esta Noche - LaurinahOnde histórias criam vida. Descubra agora