A dor explodia em minha cabeça e levei alguns segundos para abrir os olhos e dissipar a escuridão. E neste pequeno instante a dor se abrandou e morreu. Como se nunca estivesse estado lá.
Ainda estava confuso com tudo ao meu redor. Onde eu estava? Não podia definir. Tentei buscar nas lembranças algo que pudesse me orientar, mas encontrava apenas o vazio. Não me lembrava de ter ido pra lá, na verdade não me lembrava de nada. Procurei em vão pelas minhas lembranças, mas não sabia sequer meu nome.
Uma mulher me observava, devia ter uns 50, talvez 60 anos o rosto se contraia em rugas de preocupação enquanto ela me falava:
- Você está bem? Você estava desmaiado desde que eu cheguei. Aconteceu alguma coisa? Onde estão seus pais? Você está passando bem? - Ela parecia bastante aflita.
- Eu não sei. Eu não lembro de nada. Eu não consigo me lembrar de nada. - Falei com tanta preocupação quanto ela.
- Seu nome, sua idade, seus pais, não se lembra de nada? - Perguntou com a preocupação ainda maior.
- Nada. Eu não me lembro de nada. - Falei agora um pouco mais calmo, porém mais tristonho.
- Vai ficar tudo bem. - Ela tentou me ajudar. - Eu já liguei pro hospital, uma ambulância deve vir a qualquer hora.
- Muito obrigado. - Falei com sinceridade. - Você me salvou.
- Você consegue se levantar? - perguntou vendo que eu continuava no chão.
Por um segundo tentei me erguer, mas não conseguia encontrar força nem para as coisas simples como essa.
- Não. Não consigo... - Fui interrompido no meio da frase por uma sirene.
Os médicos vieram e me colocaram em uma maca enquanto faziam perguntas para senhora que havia me ajudado tentando entender a situação. Enquanto era levado para o interior da ambulância senti o sono tomar conta de mim e desmaiei. Algo me deixava exausto, não tinha forças para lutar.
Acordei na cama do hospital. Olhei a minha volta e vi uma enfermeira ao lado da minha cama.
- Ainda bem que você acordou. Se lembra de alguma coisa? - A enfermeira me perguntou gentilmente.
- Não me lembro de nada ainda. - Falei me sentando na cama. A fraqueza de antes havia desaparecido completamente. - Quanto tempo eu fiquei desacordado? - Ainda estava de dia, então supus que não poderia ter ficado apagado por mais de duas horas.
- Cinco meses. Ficamos preocupados, não fomos capazes nem de te alimentar. Como você estava em coma, tentamos passar alguns tubos e te dar soro, mas nem as agulhas nem o bisturi conseguiu atravessar sua pele. Todos ficaram intrigados.
- E vocês já descobriram alguma pista de quem seria minha família? - No momento minhas lembranças me preocupavam muito mais do que qualquer outra coisa.
- Infelizmente nada. Não temos qualquer pista além da roupa que você estava usando quando foi encontrado no rio e um colar de ouro com um pingente de elmo. Mas não se preocupe, já vou ligar para a assistência social, tenho certeza que eles vão poder te ajudar. Agora se me dá licença tenho que fazer a ligação e avisar o Doutor Carlos que você acordou. - E dizendo isso ela me deixou sozinho no quarto.
Passei mais sete dias no hospital, ouvindo as perguntas de Carlos sobre minha pele impenetrável e vendo as agulhas dele quebrarem toda vez em que tentava retirar meu sangue para algum exame. Mas depois dessa espera finalmente consegui sair do hospital, acabaram me dando alta já que eu estava completamente bem e o hospital não podia fazer muito por mim já que não podiam me perfurar. Mas sentia que alguma coisa estava errada, não parecia normal eles liberarem alguém impenetrável sem sequer família para reclamar. Algo estava estranho isso com certeza.
Logo na saída encontrei com a assistente social enviada para me ajudar.
- Oi, meu nome é Leticia. Sou a sua assistente social. Vejo que já está bem fisicamente, mesmo tendo passado 5 meses em coma. Isso é quase um milagre, era de se esperar que os músculos estivessem atrofiados. - Ela falou um pouco surpresa.
- Estou bem, mas ainda não consigo me lembrar de nada. Nem mesmo meu nome. - Respondi.
- Vai ficar tudo bem. Vou resolver isso. Venha comigo, pode passar essa noite na minha casa, amanhã vamos arranjar um lugar pra você. Talvez possa entrar em alguma escola pública depois já que não falta muito para o começo do ano letivo. Está bom pra você? - Disse ela simpática.
- Claro. - Disse feliz. - Vamos lá.
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O Último Imortal
Narrativa generaleNascer, crescer e morrer. Esse é o destino de todos, desde o mais reles servo ao mais influente imperador. Da morte ninguém é capaz de escapar. Ou pelo menos não deveria... Nicolas é um jovem que acorda nas margens de um rio, sem qualquer lembrança...