Capitulo 02 - A Feiticeira e o Caçador

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Parte I - A Feiticeira


Eu esperei amanhecer para seguir viagem para a capital da Bahia, após passar quase duas horas em um ônibus, finalmente cheguei na estação rodoviária de Salvador. Trouxe apenas uma mochila com algumas roupas e o essencial, não pretendia demorar. Como capitã, queria apenas uma reunião com os Mestres Generais, para pedir que eles olhassem mais por Dias D'Ávila.

Eu fui uma vez na Sede da capital com meu pai, quando ele ainda era um caçador, um pouco antes de entrar para a política, na ocasião viemos escoltando Gregory, um mago perigoso, que deu trabalho a meu pai. Até hoje não entendo como ele foi capturado. Lembro – me que na época ele dominava a luta e repentinamente parou de atacar, logo na oportunidade do golpe final. Então meu pai reunindo seu último suspiro de poder místico, aprisionou o necromante em uma extensa esfera de luz e em seguida usou uma magia muito poderosa, que era capaz de, pelo que entendi, impossibilitar o uso de habilidades sobrenaturais, durante uma semana. Hoje Gregory estava preso em um dos calabouços localizado no fundo das masmorras dos caçadores e espero que ele permaneça por lá até o fim de sua vida.

A Sede não havia mudado desde a vez que estive aqui, ela localizava – se no Corredor da Vitória, com uma belíssima vista para o mar. Um grande castelo rústico, com uma estrutura rochosa, que eu chutava ter mais de 500 anos. Seus portões de carvalho andavam na maioria das vezes fechados, para evitar a presença de pessoas indesejadas. Apesar de ser a sede da Ordem dos Caçadores na Bahia, pouco se sabia desse fato, na verdade os mundanos não faziam ideia do que acontecia ali dentro. O governo, embora sempre usar como base o Castelo da Vitória para os caçadores, anunciou em 1980, que ali seria uma extensão da Prefeitura Municipal, o que satisfez a curiosidade do povo, quando havia iniciado – se uma movimentação pela região.

Eu estava diante daquela porta à espera de meu contato. Não demorou para que ele, ou melhor, ela aparecesse. Lia Felix, uma garota bela e magra, vinha em minha direção. Seus cabelos eram longos e negros oleosos, sua pele era branca e macia e para combinar com seu tom de pele, ela usava um vestido verde cáqui, ornamentado com pedras douradas. Era minha irmã, diziam que eremos parecidas, mas particularmente eu a achava mais bonita, embora eu tivesse traços mais orientais.

- Minha irmã – ela disse e me abraçou.

Eu retribuí e perguntei logo em seguida:

- Como andam as coisas, nunca mais apareceu em casa, aquilo tem estado um deserto.

- Nesses anos que fiquei longe andei ocupada em pesquisas, foi complicado, se eu voltasse ia perder muita coisa que aprendi, você deveria vir para cá também, seria mais proveitoso do que ficar naquele município esquecido. – Eu não gostava da forma que ela tratava nossa cidade natal, mas não estava ali para discutir sobre isso, então fui direto ao assunto.

- Justamente sobre o esquecimento de nosso município que eu vim fazer uma visita aos Mestres Generais. Ontem tivemos duas baixas e a cada mês perdemos alguém em campo lutando contra essas criaturas.

- Receio que não será possível encontra – los agora, na verdade já faz mais de dois dias que eles saíram para resolver assuntos de grande importância, mas não tivemos notícias.

- Quem são as pessoas responsáveis na ausência deles? – Perguntei.

Minha surpresa foi quando Lia me respondeu.

- Certamente eu sou uma das pessoas. – Isso era de certa forma incrível, tão nova já na patente de Sub General Mestre. Eu poderia ter seguido pelo mesmo caminho, mas escolhi ficar em Dias D'Ávila, que era esquecida e negligenciada. - E mais dois me acompanham nesse cargo, se tiver algum assunto a tratar é conosco – Ela disse.

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