Capítulo 03 - Zodíaco

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Parte I - A Feiticeira


Regressei para Dias D'Ávila e comigo trouxe o bom rapaz, Yuki. Eu estava ansiosa para ver o que ele era capaz de fazer, mas havia algo estranho. Tentei sentir a extensão de sua energia espiritual, mas não parecia haver nada de incrível, a energia era apenas de um humano normal, eu tentei novamente, mas sem sucesso.

Todo ser humano possui energia espiritual, por mais fraca que fosse um feiticeiro ou alguém treinado era capaz de senti – lo. Seu nome varia de cultura ou região, alguns chamam de ki, outros de chacra, não importa, a questão é que o caçador que se dispôs a me ajudar não tinha nada de especial. Então perguntei enquanto seguíamos para a sede dos caçadores:

- Como você sozinho pretende me ajudar?

Ele apenas sorriu e nada disse, aquilo me irritou, mas mantive o controle. Tudo indicava que ele era uma farsa, não tinha nada de combatente. Mas pensando bem, nem todos os caçadores possuem habilidades, existem aqueles que fazem apenas serviços de limpeza por exemplo, arquivamento de documentos, ser um caçador era como ser um funcionário público, como pude ter sido tão burra a ponto de no calor do momento aceitar ajuda sem julgar se valeria a pena. Que droga!

Chegamos na sede finalmente e eu estava envergonhada, qualquer um que fosse sentir sua energia iria perceber logo, então entrei e apresentei – o para os Mestres Generais. Como esperado, todos observaram Yuki com desconfiança e olharam para mim com cara de quem dissesse, "O que diabos está acontecendo aqui". Eu não sabia se falava algo ou se apenas o tirava dali, mas minha viagem havia sido em vão.

- Posso me acomodar por aqui mesmo? – Perguntou o rapaz.

- Venha, vou te mostrar seus aposentos.

Levei o até um dos quartos. O lugar não era tão espaçoso como os de Salvador, mas dava para o gasto. Não havia cama, mas um colchão velho que estava ali bastava. O quarto possuía apenas uma pequena janela e tinha cheiro de mofo, o rapaz largou suas coisas em um canto e deitou – se. Fiquei um tempo olhando para ele, mas Yuki acabou dormindo, para minha frustração.

Hoje eu não iria fazer plantão na sede, fui para minha casa. O Castelo Felix era uma construção mais moderna do que os habituais. Meu pai investiu bastante dinheiro reformando – o, para tirar aquela aparência rustica que assustava as pessoas que ali passavam. Confesso, era bem confortável, meu quarto tinha tanto espaço que dava para jogar futebol de salão.

Passava da meia noite, eu estava viajando em meus pensamentos, Lia estava bem, havia evoluído bastante desde nosso último encontro. Eu deveria ter pedido ajuda a ela, minha irmã certamente daria um jeito de mandar uma equipe para cá, apesar de ela não admitir, gostava daqui e não negaria essa ajuda a mim.

Eu estava atrasada, acabei dormindo demais, logo hoje que os capitães foram convocados para uma reunião. Quando cheguei na sede o assunto já estava em andamento, todos me olharam em tom de reprovação e eu sem jeito de inventar alguma desculpa. A reunião fora praticamente mais do mesmo, com a diferença que as dez mortes foram incluídas na discursão, já que além de corpos sem sangue, nada mais havia para investigar. Procurei por Yuki, se não me bastasse todos os problemas que já tinha, ainda esse, o maldito caçador não estava aonde deixei, então dei uma saída para esclarecer a mente.

Cheguei na Praça ACM e para minha infelicidade encontrei o caçador sentado, comendo um hambúrguer. Aproximei – me, já irritada e falei:

- Não te trouxe aqui para turismo, até agora você não me disse como pode me ajudar.

Acho que ele percebeu minha irritação, então deu uma mordida em seu sanduiche e depois falou:

- Você demorou de aparecer na sede, então resolvi dar uma saída. – Ele disse na maior calma.

- Ao menos você sabe que foi aqui que eu perdi soldados?

- Entendi, explicado. Perceba aquela área ali? – Ele apontou para frente, aonde havia uma árvore próximo a uns bancos de pedra.

- O que tem?

- Há sinais de combate, duas pessoas foram mortas a julgar pelas marcas de sangue no chão. Havia também a presença de um usuário de magia, pensei em outras possibilidades, mas somente um usuário de magia poderia deixar aquelas marcas de chão queimado em forma de pés. – Eu fiquei sem palavras. – Os dez corpos que foram achados, estavam sem sangue, colhi o máximo de informações que consegui, poderia ser um vampiro, mas os corpos ficaram muito expostos e eles costumam ser discretos, então acredito ser obra de um feiticeiro, existem diversas magias que usam sangue, o que nos levas a uma ação, use aquela sua magia de vislumbrar o passado, poderá confirmar o que te falei.

Era incrível, Yuki analisou com muita precisão os detalhes de meu combate com a criatura. Seria bastante possível os corpos terem sidos deixados por um feiticeiro como ele diz. Eu esqueci que estava irritada, mas não importava mais, fomos até o local que aconteceram as mortes, era na mesma região, próximo de um supermercado. Havia muita gente por perto transitando, então eu abaixei e usei minha magia. Alguns segundos depois eu voltei a mim, estava aterrorizada com o que acabara de ver.

- Que horrível. – Falei fazendo cara de nojo. – Eu pude ver toda a cena, como os eventos foram recentes estava tudo muito nítido, como seu eu estivesse lá

- Muito bem e quem fez isso?

- O mesmo que enviou aquela carta escrita em sangue, dessa vez eu vi bem seu rosto. Ele tinha os olhos de um assassino frio, era uma pessoa de estatura mediana e gordinho. Era velho já e careca, porém seu rosto era coberto por uma barba branca, possuía a pele morena e enrugada. Vestia um robe de couro marrom e em sua mão esquerda estava uma adaga de ouro, na qual ele usou para degolar os corpos. Já a direita apresentava uma luminosidade acinzentada. O homem estava absorvendo o sangue das vítimas que jaziam desacordadas. Uma grande massa de pessoas passava por ali, mas nenhuma parecia vê-lo, deve ter usado a mesma magia que o fez aproximar – se da sede em Salvador. Logo depois ele seguiu para aquele mesmo carro e seguiu. Após isso não pude ver mais nada.

Yuki parecia preocupado, ele coçou a cabeça por várias vezes até começar a falar:

- É o homem que eu imaginei, o Doutor Jorge Tucker, ele era um grande cientista, geneticista e biólogo. Sua última descoberta foi a combinação do DNA humano com o de animais, para assim criar humanos mais fortes, mais ágeis e resistentes. Ele chegou a usar uma cobaia humana e isso rendeu sua expulsão da empresa na qual trabalhava e perdeu a licença para tudo relacionado a ciência. Com sua carreira destruída ele acordou para o mundo sobrenatural e aprendeu alquimia. As Quimeras que te falei, são obras dele, e agora sabemos que o mesmo por aqui.

- Mas porque insistir em algo que foi descartado por todos?

- Bem, o homem é um cientista, dificilmente desistem de seus trabalhos, mas Jorge Tucker está sendo financiado por uma organização antagonista a Ordem dos Caçadores, eles se auto intitulam como, A Sociedade do Zodíaco, sabemos pouco sobre ela, mas o suficiente para fazer oposição a seus atos.

Após as explicações Yuki voltou para a Sede dos Caçadores e eu fui para casa, por enquanto não relataríamos aos Mestres minha descoberta, precisava descobrir mais sobre essa Sociedade. Meu pai possuía uma vasta biblioteca no castelo, procurei tudo o que fosse possível sobre esse nome, Zodíaco. Havia muito material, mas apenas um chamou – me a atenção. Sua capa era de um material grosso e tinha a coloração rubro sangue. O título fora entalhado em letras douradas e seu papel era mais resistente do que os comuns. Peguei – o e passei a noite lendo.


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Oi meus caros leitores, o que vocês acham que vai acontecer? Qual será o papel da Sociedade do Zodíaco nessa trama?

Ordem dos Caçadores - A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora