Naquela noite

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Lá estava Joseph, ou pelo menos parte dele.
A sala estava completamente vermelha do sangue que escorria da mesa de centro, próxima ao sofá bege que ele tanto almejava.
O sangue vinha exatamente do local onde sua cabeça decapitada estava.
Hayley em estado de choque encarava a mesa, enquanto William segurava as lágrimas para não demonstrar fraqueza.

Ao lado da cabeça de Joseph havia um bilhete escrito à sangue em uma folha qualquer, nele dizia:
"Que comece a caça aos traidores."

William olhou como se soubesse a que aquele aviso se referia.

—Hayley, vamos embora daqui!
—Seu amigo foi assassinado e você quer ir embora?!
—Precisamos ir.
—Eu vou ligar pra polícia.
—Não! Não podemos falar isso para ninguém.
—Por que não?
—É uma longa e antiga história.
—Me conta.
—Eu não posso.
—Mas... onde está o resto do cadáver?
—É melhor nem pensarmos nisso, vamos!
—Não vou sair daqui até saber o que está me escondendo.
—Ok, Eu te conto no caminho para o acampamento. Mas tem que jurar que não vai falar nada sobre a história e muito menos sobre o assassinato.
—Tá bom, eu juro.

William e Hayley entram no corcel rumo ao acampamento, enquanto isso ele liga para os outros:

—Alô, Christine?
—O que você quer William?
—Pode avisar os outros para irem direto pro acampamento?
—Por quê?
—O Joseph desmarcou e decidiu fazer uma viagem de última hora, acabei de falar com ele.
—Ok, eu aviso eles.
—Obrigado.
—O que houve contigo?!
—Nada, por quê?
—Você não foi um completo babaca pela primeira vez. Parabéns!
—Tchau Christine. —Diz ele com uma voz rígida.
—Tchau.

Christine liga para todos avisando para irem direto ao acampamento, enquanto limpa as manchas de sua camiseta amarrotada.

Droga, vou ter que trocar essa camiseta! —Pensou Christine.

Ela vasculha rápido seu roupeiro na procura de uma camiseta parecida, ao encontra-la se troca rapidamente, pega suas coisas e vai em direção ao seu furgão.
Ao entrar no furgão ela olha pelo retrovisor e percebe que havia um arranhão profundo em sua lataria, mas mesmo assim começa a dirigir para não se atrasar.
O furgão estava há 80km/h em uma rodovia que pedia 20km/h, dessa forma foi a primeira a chegar no acampamento.

~Enquanto isso, no corcel 73~

—Vai me contar? — pergunta Hayley
—Eu prometi, não?
—Então me fale.
—Ok, tudo começou em 1889 com um trato que meus tataravós fizeram com uma tribo que vivia nessa floresta.
—O que era esse trato?
—Não sei bem, mas sei que foi descumprido...
—E o que acontece com o descumprimento de um trato com
uma tribo?!
—Coisas terríveis.

~Quando Christine chegou~

O acampamento era apenas uma floresta deserta, sem sombra de vida, mas de repente Christine escuta um ruído vindo de uma moita.

—Tem alguém aí? —Diz Christine em alto e bom som.

Alguém sai de trás da moita, com uma roupa preta que se camuflava com a escuridão daquela noite.

—Oi! Sou eu... Thomas.
—Oi... Você quase me matou de susto!

—Perdão, foi sem querer.

—Tudo bem, mas o que fazia ali?
—Sabe... Não existem sanitários na floresta. —Diz Thomas acanhado.
—Oh! Desculpe.
—Tudo bem, eu já estava saindo.
—Está há muito tempo aqui na floresta?
—Faz um bom tempo já, eu esperei por Joseph até a meia-noite e quarenta mas ele não saiu de casa!
—Mas eu lhe avisei que ele não iria.
—Quando me avisou eu já estava aqui.
—Foi quando fiquei sabendo.
—Está tudo bem. Estamos sozinhos?
—Logo William chegará com a Hayley.
—Podíamos aproveitar esse tempo...
—Aproveitar?
—É, você sabe... Eu... Você... Essa noite tão bela... —Diz Thomas se aproximando cada vez mais de Christine.
—Eu não sei o que você está querendo fazer hoje, mas me tire de seus planos. —Diz Christine empurrando ele para longe.
—Calma aí, gata.
—Eu tô calma, querido.
—Eu só queria... —Ela o interrompe antes que ele acabe a fala.
—É, queria! Porque não vai acontecer.

Christine se afasta de Thomas com raiva no olhar.

Babacas e mais babacas, onde fui me meter? —Pensou Christine quase chorando.

Thomas se aproxima e percebe as lágrimas que escorriam pelo rosto de Christine, era como a chuva caindo sobre a mais bela porcelana.

—Christine, eu sinto muito. Não devia ter lhe tratado daquela forma tão insensível.

—Tudo bem, eu já devia estar acostumada. —Diz Christine em prantos.
—Eu não sabia que mexeria tanto com seus sentimentos, sinto muito.
—Você não sabia! Ninguém sabia! Ninguém pensa antes de agir como um idiota!

Com o olhar caído, Thomas se afasta e vai arrumar sua barraca para não piorar as coisas com Christine.

Ao entrar em sua barraca para guardar uma pilha de cobertores, Thomas se encontra com algo nada agradável.

—CHRISTINE! VEM AQUI, RÁPIDO!

Christine se assusta e vai correndo lá, ao se aproximar sente um cheiro horrível.

—Parece que a sua moita também não tem descarga. —Diz Christine, tampando o nariz.
—Ha ha! Não tem graça. —Diz Thomas de mau humor.
—Por que me chamou?
—Dá uma olhada aqui dentro da minha barraca.
—Mais uma tentativa frustada.
—É sério Christine, vem aqui.
—Ok.
—Tá vendo algo?
—Não, mas que cheiro é esse?!
—Acho que um gambá entrou na minha barraca.
—Não brinca comigo...
—Eu tô falando sério, me ajuda!
—Ok, acabei de ver ele e as suas intenções nesse acampamento.
—Onde ele está?
—No canto direito da sua mala, do lado daquela pilha de preservativos.
—Eu... estava guardando para um amigo.
—Tá, Isso não me interessa nem um pouco.
—Obrigado.
Christine vira as costas para ele e vai
em direção ao seu furgão.

—Eu vou esperar eles aqui.

Já era muito tarde e não havia nem sinal de William e Hayley, então ela decide ligar para ele.

—William?
—Sou eu.
—Por que a demora?
—Hayley precisou passar em casa, já estamos à caminho.
—Ok.

Ela desliga o telefone e resolve cochilar um pouco enquanto espera.
Quando Christine finalmente pegou no sono, ouvi-se um barulho na lataria do furgão.
Apavorada, Christine permanece imóvel dentro do automóvel até acabar o som perturbador da lataria sendo arranhada por um objeto extremamente afiado.
Quando ela sai para ver o que era, se espanta com a cena que vê.

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