Talvez Magnus fosse um idiota. Essa era a única explicação.
De fato, ele precisou fechar o laptop, ir comer com seus amigos, assistir filmes, conversar pelo telefone com Will por uma hora, brincar em um novo aplicativo que Ragnor tinha achado na internet, treinar suas falas mais uma vez, já que sua apresentação seria já nesta sexta e sábado, chamar Catarina para cantar no karaokê, rir de Ragnor que limpou o rosto de Raphael muito delicadamente para poder finalmente notar que o fato de Sky não ter respondido até então era porque ele tinha ficado irritado.
Meu Deus, como era estúpido. Magnus não tinha pensado. Quando ele escreveu o e-mail, acreditou profundamente que Sky ficaria aliviado por Magnus finalmente ter parado de pensar de que Will era o escritor dos bilhetes. Ele não tinha sequer imaginado de que poderia facilmente tê-lo ofendido de milhares de formas possíveis por ter admitido que 1)Ele e Will andavam trocando beijos mesmo que Magnus sempre afirmasse de que gostava mesmo era de SKy, 2) Sky estava certo sobre não confessar quem era e sobre quando falou que Magnus jamais esperaria que fosse ele (seja lá quem fosse) e que já agia como se fosse uma outra pessoa. Estava tudo tão ridiculamente obvio agora. O moreno entrou em um profundo desespero quando checou a caixa de mensagens ainda vazia. Como pôde ser tão insensível?
Deu a entender que ele queria que fosse Will, o que era mentira.
Ou talvez não fosse. Magnus não sabia o que pensar.
Ele queria que Sky fosse Sky, era isso. Mas talvez não fosse desse jeito que ele estivesse agindo por todo esse tempo.
"Sky," ele tentou mais uma vez. "Me responda, por favor. Não foi minha intenção."
Nesse momento então Ragnor abriu a porta e Magnus olhou para o amigo. Não foi preciso dizer nada, Magnus não sabia se discreto e até esse momento o seu quarto já estava todo bagunçada, com livros e travesseiros no chão e os cabelos de Bane todos arrepiados. Ele pensou que Ragnor iria rir, mas o rapaz só se aproximou rapidamente e sentou-se ao seu lado.
― O que houve? ― perguntou depois de alguns instantes.
― Eu sou um idiota. - Magnus respondeu jogando-se para trás e caindo de costas na cama.
― Bem, isso não é novidade, huh? - ele riu, mas fingiu ter limpado a garganta quando viu o olhar assassino de Magnus. - Tudo bem, desculpe. De verdade, me conta o que aconteceu, quem sabe eu possa ajudar.
Então Magnus contou, porque sabia que precisava falar para alguém, mesmo que esse alguém fosse Ragnor, mesmo que esse alguém risse da sua cara, porque talvez ele merecesse. Merecesse por ter sido burro o suficiente para acabar com algo que tinha pensado se esforçar tanto para conseguir.
― Uau - disse Ragnor depois que ele terminou. O amigo estava com os olhos focados em algum ponto do quarto e uma ruguinha pensante surgiu em sua testa. Ele pensou antes de continuar: ― Isso foi terrivelmente idiota.
― Que incrível. - Magnus resmungou. - Isso foi de grande ajuda, obrigado.
― Bem - Ragnor deu de ombros. - Você terá que fazer alguma coisa, é só o que eu estou dizendo. Algo grande que prove que você está arrependido.
― E como você espera que eu faça isso se sequer sei quem ele é?
― Você vai achar um jeito. Está apaixonado por ele.
― E você está apaixonado por Raphael. - retrucou desafiadoramente, sabendo que estava sendo infantil e não dando a mínima para isso.
Ragnor então olhou para o amigo com o mesmo olhar que daria para um cão abandonado na rua, talvez. Ele se aproximou do mais novo e segurou-o pelos ombros.
― Eu estou apaixonado por Raphael.
Magnus piscou rapidamente e se afastou tão depressa que caiu da cama. Ele se levantou rápido e sem graça, os olhos arregalados e a voz oscilante.
― Wow. - Magnus apontou para o amigo, como se ele fosse um espião que acabou de invadir a sua casa. ― Eu não esperava por essa.
Fell ergueu uma sobrancelha, sem mudar de lugar ou de expressão. Ele não parecia nervoso, Magnus notou, nem envergonhado e nem prestes a desfazer suas palavras. Ele parecia apenas estar prestes a uma criança particularmente chata que não conseguia acreditar em algo bastante obvio. Magnus mexeu o indicador na frente do amigo em tom acusatório.
― Você é hétero. Até ontem você era!
Assim Ragnor sorriu. Sorriu de verdade, com os olhos. E Magnus odiou como ele parecia estar achando graça dele e ao mesmo tempo, estava feliz pelo melhor amigo poder falar algo grande desse jeito, incrível assim de forma tão simples. É claro que ao invés de admitir, ele jogou um travesseiro na cabeça do inglês.
― Seu palhaço. Desde quando?
― Nos sacrificamos pelo amor. - foi o que Ragnor respondeu no lugar. - E eu não posso contar a ninguém sobre nós por tantos motivos. Família, religião, o fato de as pessoas sexualizarem as coisas entre nós quando - ele observou cuidadosamente para Magnus. - não é isso que há entre nós.
Magnus franziu o rosto antes de entender. É claro. E ele sentiu vergonha por ter sido uma dessas pessoas. Seus olhos desviaram para baixo, para as suas mãos. Ele daria um abraço da próxima vez que visse Raphael, mesmo que isso significasse que levaria uns arranhões e mordidas violentas. Talvez abraçasse Ragnor também, só para irritar, afinal, ele não podia perder o costume.
― Bem, eu - Magnus sorriu, sentando-se de novo na cama. - Sempre soube que Larry era real.
Ragnor revirou os olhos e repetiu que ser comparado com cantores de boybands não era o que ele queria ouvir esta noite. Magnus sorriu de novo. Ele não queria trazer isso de novo para si, queria poder voltar a falar de Ragnor. Quantas coisas andava perdendo sobre os amigos que não sabia? Mas não pôde evitar perguntar:
― E o que eu faço quanto a Sky?
―Você é burro? - perguntou Ragnor, soando bastante como Raphael. ― Vá atrás dele, mande mensagem. Arrume um jeito. O amor nos faz ficar mais fortes, nos faz incinerar o mundo ou erguê-lo em glória. Talvez seja tolice ter esperança, eu sei. Mas às vezes esperança é tudo que nos resta.
------- notas finais -------
Eu disse que não postaria hoje, não é? Mas não sei o que houve. Eu pensei no capítulos, quase terminado. Eu tinha acabado de passar o meu segundo código à limpo e pensei "O que custa?" e postei. Eu achei que talvez vocês fossem gostar disso.
Adoraria de fazer um texto bonitinho de agradecimento pra vocês, mas acho que vou esperar o ultimo cap. Hoje eu só vou dar o meu agradeciemento especial a Magwood que foi um amozinho comigo e ainda me mostrou as novas fotinhas malec que eu não tinha visto. Obrigada <3
(Vocês viram que eu juntei três quotes dos livros sobre amor tudo em único parágrafo? Acabo de me denominar a nova reitora das referências!)
(Pra que não entendeu o lance da sexualização, Raphael é assexual. Vale lembrar isso para todos que shippam ele com Ragnor, ou Simon, ou Lily, ou sei lá mais quem. Lembrem-se que toda representação LGBTQA+ é importante. Eu sinto muito por não ter como colocar mais coisas sobre ele nessa fic, porque ela é malec, mas quem sabe um dia.)
Acho que é só isso. Vou voltar a estudar. Beijos, beijos e beijos.
UPDATE DO FUTURO: Oi, eu sou eu de 2018 e vim avisar que a eu do passado não estava ciente que Raphael era aroace. Então ragnael é canon só aqui porque eu não sabia. Apenas esclarecendo! beijos ♡
UPDATE DO FUTURO DO FUTURO: É 2023, e aparentemente ainda tem gente que não sabe o que é aroace. Significa arromântico e assexual. :) E provavelmente Raphael era arromântico estrito, mas quando eu escrevi a fic, eu não sabia, por isso ele tá de casal
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[malec] NOTES
FanfictionAquela em que Magnus Bane recebe cartinhas secretas na escola. inspirado em "the shadowhunter chronicles" e "simon vs the homo sapiens agenda"