A Caixa Misteriosa no Jardim Lateral.

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Sempre que o dia raiava era possível ver entre o capim molhado a baixa fumaça que passeava rodeando a casa velha e dissipando-se entre as flores do jardim lateral.
A neblina tendia a querer ficar, mas era inevitável já que o Sol a consumia entre as arvores secas e longas.
Tony disparado pelo cheiro do café de sua madrinha, em um pulo e um giro seguido, sai da cama dentre os lençóis, colocando a camisa do pijama e desce para a cozinha batendo nos quadros de retratos antigos do corredor.
Seu olfato remete a lembrança de sua avó já falecida que toda manhã fazia seu café com torradas e amêndoas, este que sua madrinha faz repetindo a tradição.

- Para tudo, que esse café perturbou o meu sono e quase que como os lençóis de tanta fome Madrinha Suzan. - Diz Tony puxando o banquinho de madeira e sentando- se a mesa todo desajeitado.

- Bom dia Tony, pelo visto dormiu tarde ontem não é rapazinho? - Tirando as torradas do forno a lenha, coloca sobre a mesa.
Tony estava faminto e sem esperar ou perceber que a forma estava quente pega uma torrada se queimando.

- Ai,ai.... Meu Deus do céu madrinha que quentura. - e joga torrada na mesa balançando as mãos e assoprando.
- Você sempre apressado parece até seu pai, ele que era assim, metia as mãos pelos pés o tempo todo. Agora deixe de bobeira e coma, coma tudo porquê o dia esta cheio hoje. Preciso descer a cidade para comprar algumas coisas e depois vou visitar sua tia Ilda no hospital. - após colocar o café nas xícaras passa a mão sobre a cabeça apertando o nó do seu turbante estampando.

Tony por um minuto fica olhando para sua madrinha como se seus pensamentos o transportasse para anos a traz.
Enquanto sua madrinha falava do estado de saúde de sua tia, Tony ouvia apenas vozes de eco misturadas em sua mente. Na verdade a preocupação com a saúde a Tia Ilda o afligia todos os dias.
Como poderia uma mulher de 27 anos estar tão doente repentinamente? De um dia para o outro e nenhum médico descobria a causa?
Entre seus pensamentos misturados com o gosto do café da marinha, Tony interrompe o café e se levanta do banquinho.

- Madrinha, hoje fiquei de capinar o jardim lateral. Vou iniciar cedo porque a Tarde gostaria de sair para fazer trilha no pé da montanha. - deixa a xícara de café pela metade e leva consigo a torrada cheia de amêndoas.

- OK Tony, mas por favor não suba a montanha, você sabe que não é nada seguro andar por aquela redondeza sozinho. Histórias ruins rondam a região e... -Tony a interrompe rindo.

- Madrinha, a senhora acredita mesmo nesses contos bizarros? Hahahaha - dispara rindo e vai se afastando. - Mas ok Madrinha, terei cuidado, porém primeiro vou cuidar do jardim, esta uma bagunça e acho que noite passada os texugos acabaram com a plantação.. -  sai cantarolando em caminho para o jardim lateral.

Madrinha Suzan bebendo lentamente seu café diz para si mesma em tom baixo e preocupada.
- Que sejam apenas histórias bizarras meu querido, coisa que duvido... Mas que seja. Bem deixa eu ir logo. - se levanta e vai até o armário ao lado da porta da sala pegando sua bolsa e a chaves da caminhonete.
- Tony cuide de tudo querido -grita entrando na caminhonete saindo com o som do rádio bem alto.

O sol tímido brigava com as nuvens carregadas levadas pelo vento que soprava em direção da montanha.
Tony pega as ferramentas de trabalho e começa então a limpar o jardim lateral, só que a bagunça é tanta que fica difícil separar o lixo das folhas.
A medida que Tony vai ajeitando o jardim, seus olhos procuram como que sozinhos mirar na montanha pela curiosidade de querer quebrar as regras e ultrapassar os limites estabelecidos pela madrinha.
No canto ao pé da casa tinha muita bagunça, e atrapalhava a passagem para o portão que levava a parte de traz da velha casa.
Com certeza o trabalho seria duro e exaustivo.

- Como pode um jardim ficar tão bagunçado e sujo ? Fica  difícil acreditar que texugos tenham causado tanta bagunça. - irritado e resmungando puxa a sugeria para o Centro do jardim.

Após algumas horas limpando Tony senta próximo a cerca que divide o jardim e o celeiro.
Fitando os olhos nos esquilos que brincavam escondendo nozes esquece do mundo a sua volta e cai no sono.
E em uma visão de sonhos embaçados Tony parece flutuar por cima do cercado e paira sobre o campo em direção a montanha. E preste a ultrapassar o limite da Madrinha Suzan ele ouve uma voz tenebrosa dizendo.. - a caixa!
Ele acorda assustado e ao olhar para perto do portão vê um monte de lixo revirado e no meio
uma caixa de madeira queimada.
Seus pensamentos entram em turbulência e a curiosidade o leva de imediato a pegar a caixa que era leve e tinha um cadeado com uma chave pendurada.

- O que levaria alguém deixar uma caixa com a chave pendurada? E pera ai? Onde estava ela que eu não vi? Limpei esse jardim todo e não vi ela aqui. - fica assustado e com medo.
- Tem alguém ai? - pergunta falando em média voz.
- Bem acho que não, se alguém perdeu ira dar conta da falta e virá a traz procurar. Deixa eu sair daqui.

Tony sai em disparada para o celeiro e sem perca de tempo abre a caixa e dentro continha um medalhão de colar com a foto de uma família desconhecida, uma carta e uma bússola.
Um tanto estranho e como Tony dizia, bizarro.
Então ele inicia a leitura da carta!

CARTA

Ao ler não tem como voltar a traz. Agora ou você vai ou não ira a mais lugar algum.
Passa séculos, anos e dias, mas não passa mais este dia pois você faz parte do meu dia Antony!
A montanha não dorme mais e o segredo agora é revelado, a bússola te guiará e o medalhão te protegerá se no caminho não parar  com sorte poderá voltar.
Não adianta gritar, ou correr, você foi escolhido para viver e não morrer, mas como mamãe lançou um dos três ira viver. 

- Que merda é essa? Que carta é essa? Que Droga é essa - grita repetindo a frase.

Então após varias sequências de gritos um vento gelado sopra da montanha com sons de gemidos e  risadas chamando seu nome. - Tony, Tony, Tony,...
- Chega! Grita cortando sua própria voz. E faz silêncio.

Tony olha para a bússola que acende e aponta para a montanha. Sua visão não vê más a velha casa da Madrinha, nem o jardim lateral e nem o cercado apenas a montanha que parecia o chamar...

O Menino e o Fantasma da MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora