Os Olhos de Coruja

O xamã

Um homem que batia em um tambor de madeira esverdeada e falava coisas para si mesmo. No mesmo tempo que Roberto o olhou, ele olhou também. As batidas ficaram mais fortes e o seu corpo começou a se mexer conforme as batidas. Seus cabelos longos balançavam de forma similar à uma dança, possuía tiras de couro envolta dos ombros, onde prendia várias penas de aves. Não usava camisa, mas vestia uma calça de pele larga.
Algumas pessoas que passavam pela sua frente, deixavam moedas por acreditarem que era um mendigo que se tornou desprovido de sanidade à tempos.
Roberto, intrigado, decidiu ir até o homem para estudá-lo. O tocador não tirava os olhos do empresário. Quando chegou perto o suficiente para ver alguns detalhes do seu rosto, percebeu que quando ele piscava, por alguns segundos, o branco dos seus olhos ganhavam tonalidade amarela e a pupila dilatava ao máximo. Os olhos de uma coruja em um homem.
Quando Roberto foi se aproximar mais, ouviu a voz aos berros de um carroceiro que perdera o controle de seus cavalos e agora corria em disparada pela cidade.
"Saia da frente! Saia da frente agora!", ele berrava, assustado.
Pulou para trás, assustado. A carroça passou pelo local onde estava à alguns milésimos atrás. Quando o carro passou, o homem misterioso tinha desaparecido.