A casa

8 0 1
                                        

Naquela manhã, Roberto deixou o supervisor encarregado de cuidar de tudo, prometendo um aumento generoso. Decidiu que hoje ia beber em um boteco. Nunca tinha bebido em um desses lugares antes, era acostumado com pubs e baladas.
Caminhou pela cidade até achar um boteco agradável e foi até lá. Ao entrar, sentou na cadeira de frente para o balcão. Acenou para o barman que o respondeu com um aceno de cabeça.
"Me dê sua melhor bebida, por favor", pediu enquanto se mantinha com a mente no homem que vira mais cedo.
O boteco ficava perto do cais de madeira onde os navios ancoravam, o que fazia com que a maior parte da clientela do bar fosse de marinheiros. O lugar não tinha fachada ou qualquer coisa que indicasse o seu nome. Seu piso era de madeira velha, assim como sua parede. A única parede que podia ser considerada bem cuidada era a que mantinha as bebidas em madeiras pregadas nela, uma em cima da outra.
O barman entregou-lhe a bebida, mas quando fitou o cliente, se espantou ao ver o que ele tinha no bolso de seu paletó.
"Por que o senhor tem uma pena de coruja? Não sabe o quão tenebrosas elas são?", sua voz demonstrava medo e raiva, mas se controlou para não perder o cliente (e o dinheiro).
Roberto se espantou ao olhar para seu bolso e ver a pena. Não a notara. Quando que ela apareceu ali?, pensou. A examinou, assustado. Quando a pegou, sentiu algo ruim que formigou seus dedos que sentiam a maciez da pena.
Apesar de não acreditar em nada religioso, tinha medo de que algo assim existisse. Era um paradoxo que nem ele conseguia entender.
Após sete doses de uma bebida que tinha gosto de café bem doce, mas que ardia ao descer pela garganta - obrigando-o a fazer uma careta toda vez que engolia -, pagou a conta e foi para sua casa.
Ao entrar, fechou a porta e a trancou. Jogou a chave na mesinha da sala de estar que ficava entre uma TV preto e branco e um sofá que sua empresa criou. O efeito da bebida começou a fazer efeito e automaticamente se jogou na cama, onde adormeceu do jeito que estava.

Os Olhos de Coruja Onde histórias criam vida. Descubra agora