Melanie acorda. Ela abre os olhos e tudo que vê é a escuridão. Ela se senta e, com muito esforço, consegue ver algumas caixas. Ela tenta levantar e então percebe que estava sentindo uma dor imensa nas suas pernas. Ela desvia seu olhar para elas e vê-as roxas e viradas ao contrário. Desesperada, ela grita e chora até soluçar e se encharcar. Ela para quando vê um homem alto e loiro descendo as escadas usando somente um avental verde e calças de moletom.
Elijah: Bom dia! Eu trouxe um café da manhã para meu canário!-seu rosto expressa imensa felicidade e mais ainda insanidade.- Me desculpa por isso. Eu tinha que cortar as asas do meu pássaro antes que ele pudesse fugir...
Melanie: Por que, Elijah?-ela diz, amedrontada.
Elijah: Porque eu te amo! Você tentou fugir uma vez, eu nunca mais vou te deixar ir embora!
Melanie: Não, você não ama! Olha o que você fez!
Elijah: Eu fiz isso porque eu te amo!
Melanie: Você é louco!
Elijah: Cala a boca! Cala essa boca!-ele corre até ela e enche a boca dela de leite e biscoitos.
Ela cospe a comida.
Elijah: Não cospe! Você quer morrer de fome?!-ele dá um tapa no rosto dela, forte o bastante pra deixar marcas de todos os dedos.
Melanie começa a chorar e Elijah sorri e beija-a apaixonadamente. Ele era um psicopata, mas era um psicopata de sentimentos bem resolvidos. Seu amor por ela era verdadeiro, apesar da sua violência e da sua insanidade. Ele mataria e morreria por ela.
Logo, ele sobe as escadas e Melanie se sente mais calma. Ela finalmente consegue perceber mais detalhes do cômodo que estava. Ela percebe uma cama ao seu lado esquerdo. Ela era bonita e bem arrumada, branca e enfeitada com brinquedos e ursos de pelúcia, cobertos por uma colcha confortável e quente. Porém, além disso, ela percebeu algumas manchas vermelhas e escuras, parecidas com tinta de tecido seca. Melanie se arrasta e com algum esforço consegue se deitar nela. Quando se acomoda bem, na medida do possível, ela se agarra ao travesseiro e vira seu rosto para o outro lado, que era invisível do lado que ela estava da cama. Ela se depara com uma cabeça decepada de uma mulher loira de olhos azuis. A carne parecia ainda estar conservada, e seu rosto ainda expressava surpresa e desespero. Melanie tinha certeza que aquela mulher tinha sido morta pelo menos naquela semana. Ela sentia seus pulmões inchando para gritar mas decide não fazê-lo. Ela tinha medo de morrer agora. Agora, que ela tinha algo por que viver. Sua vida estava tão boa antes de tudo isso... Como ela desejava ter escutado Johnny. Na verdade, ela queria que ele estivesse lá agora. Ela se sentia tão frágil de novo. Ela era indubitavelmente forte mas como desejava ser salva. De repente o celular toca. Era Johnny. Ela tenta atender rápido mas logo escuta passos.
Elijah: Eu tô escutando um celular?
Melanie: Eu juro que eu não mexi em nada, ele só tá tocando, por favor!
Elijah: Atende!
Melanie: Tá bom. Eu atendo-ela olha a tela enquanto tenta evitar que comece a chorar-Johnny?
Johnny: Bom dia! Eu tô preocupado... Onde você tá?
Melanie: Na casa do Elijah... Tá tudo bem, eu vou ficar alguns dias...
Johnny: E a faculdade?
Melanie: A faculdade?
Elijah: Você vai.-sussurra
Melanie: Eu vou continuar, por quê?
Johnny: Não sei, você fala como se fosse ficar aí pra sempre...
Melanie: Mas eu vou... Eu não consigo sair, o Elijah cortou minhas asas e eu não consigo voar pra longe daqui...-ela força uma risada.
Johnny: Melanie, você tá bêbada?
Melanie: Não, isso é uma piada! Asas, entendeu?
Johnny: Ok, eu vou esperar você se recuperar... depois eu ligo.
Melanie: Johnny, não! Espera!
Ele desliga.
