Norminha mulher de Karlão

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Fui descendo a rua de piçarra e ouvindo uns assobios inconvenientes e umas cantadas nada inocentes. Apertei o passo porque o loteamento era barra pesada e eu tava morrendo de medo de ser abordada por um nóia. Acabei me batendo com alguém e vi que era seu Henryque. Minha Nossa Senhora da Buceta em Chamas, mas que homem era aquele? Alto, musculoso, um verdadeiro homão da porra! Dono da maioria dos lotes por ali. Responsável por 60% da renda do bairro e por dar emprego aquela rataria toda. Era casado com uma gringa filha da puta que dava piti por babaquice e despreza a todos nós da comunidade trabalhadora. Mas o que ela tinha de nojentinha, ele tinha de gente boa e humilde. Me deu um boa tarde todo educado, passando as mãos pelos cabelos anelados e minha buceta piscou mais que semáforo bugado. Dei uma risadinha e vi seu Henryque entrar no carro luxuoso e subir para a avenida. Caminhei até a obra próxima, onde Karlão trabalhava e torci para ainda conseguir encontra-la por lá. Precisava de dinheiro. Era fim do mês, ela receberia o pagamento, e as contas estavam todas atrasadas. Se eu não fosse busca-la, era capaz da cabrunquenta gastar tudo em pinga e partidas de videogame.

Quase meia hora depois, nem sinal da minha namorada. Fiquei esperando do lado fora, sendo cantada por cada mal elemento que saía do local da obra e se dirigia para o ponto de ônibus. Aquela desgramenta já devia ter ido. Me virei para ir embora e subir para a avenida, quando ouvi passos e um gracejo grosso atrás de mim.

– Norminha, me chama de Tarzan e vem aqui dá uma pegada no meu cipó, vem! – Ouvi alguém gritar e me virei. Era Dinajiane. Ela não perdia a oportunidade de me cantar. Não importava quem estivesse por perto. Mesmo perto de Karlão, que ela dizia ser sua melhor amiga, a mulher não se fazia de rogada e sempre dava aquele jeitinho de flertar comigo. Eu fingia que não, mas no fundo eu gostava. Ser desejada era uma delícia e ainda mais por uma arrasa–quarteirão daquelas. A loira veio até mim toda charmosa e me deu um abraço de urso daqueles. Eita cabrunca cheirosa, dava vontade de agarrar e não soltar mais. Ela me tirou do chão e me deu um beijo no pescoço que arrepiou até os pelos da petcheca. Eu só não tinha liberado a moreninha pra ela porque eu tinha compromisso com Karlão, e mesmo aquela baixinha bunduda sendo uma filha da puta, eu a amava. – Ta vindo de onde? Quer uma carona? – me perguntou toda solícita, com um sorrisão no rosto.

– Da casa da Mãe Fabi. Tu acredita que aquela vadia velha tentou me enrolar de novo? – A loira arregalou os olhos e riu, balançando a cabeça como se não acreditasse. – Mas dei uma lição naquela sebosa, olha aqui. – Tirei o iphone de dentro da minha calcinha e mostrei para Dinaijaine.

– Eita que cheirinho bom de kirika. – Ela riu e eu a acompanhei. Mas era uma safada mesmo. Provavelmente nem havia escutado o que disse.

- Deixe de sem vergonhice. Vou dispensar sua carona. To atrás de Karlão. Tu visse ela por aí? Aquela excomungada acordou cedinho e disse que vinha pra obra. Liguei pra ela a manhã toda e na hora do almoço. Vim pra cá e até agora nada. – Dinaijaine me olhou com surpresa e ignorando meus protestos, andou comigo até o carro e abriu a porta, me empurrando para que eu entrasse.

- Então tu num sabe? – ela disse, entrando pela janela do motorista, já que a porta do carro vivia emperrada. Eu balancei a cabeça negativamente. – Karlão recebeu o ordenado e se mandou. Discutiu com Lucyara e disse que num precisava trabalhar porque tu ia bancar ela. -Encolheu os ombros e deu a partida no carro, ou tentou, porque o infeliz morria toda hora.

- O quê? Aquela vagabunda safada! Ela não podia fazer isso comigo. Ela sabe que desinterei o dinheiro das prestação da nossa casinha pra pagar minha inscrição no Enem. Sabe que estamos matando cachorro a grito, que tamos vivendo numa miséria lascada e aquela lazarenta simplesmente larga o emprego com a cara mais lavada do mundo? Ah, mas hoje vai ter picadinho de Karlão, ah se vai, ou não me chamo Normandia Codeiro. – Ouvi Dinaijaine soltar um risinho involuntário e tentar fazer o molambento do carro pegar. Eu estava bufando de raiva de Karlão e aquele arremedo de carro não pegando, estava ajudando a me tirar do sério – Armaria Dinaijaine, essa fubica não arranca daqui hoje, não? Puta que pariu e corno que amassou. Eu vou a pé mesmo. – Peguei a maçaneta e tentei abrir a bendita porta. Mas pensa que o danado do carro deixou? Fiquei foi presa na merda de um carro que não anda, enquanto a pingunça da minha namorada devia estar gastando toda a grana das contas com bebidas e videogame.

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⏰ Última atualização: Jan 30, 2017 ⏰

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Norminha (Camren e Norminah INTERSEXUAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora