Capítulo V - Martina

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     TIIIIIIIIIIIIM

     Acordo, apesar de uma noite bem dormida, estou me sentindo completamente morto. Não, eu não estou com depressão nem nada, só estou parecendo uma pessoa de idade de tanta dor que eu sinto nos meus músculos, ossos, articulações, enfim, no corpo inteiro.

     Respiro fundo, tiro a manta de cima de mim e levanto da cama. Analiso o quarto que meu pai construiu para mim e como nos três dias anteriores, ainda sinto um frio na barriga quando paro para notar que ele que montou cada coisa, cada detalhe que estar aqui. Ele teve paciência para criar isto para mim...

     Vou até a mesa de estudo e vejo uma foto minha, em que estou bem pequeno, aparentemente com apenas alguns dias de vida.     

     Por que tudo tem que ser tão difícil? Por que eu simplesmente não nasci em família normal? Sem tudo isso de áurea envolvido no meio. Sem Forgia, sem organizações, apenas eu, meu pai e minha mãe.    

     BUM BUM

     — Lupos? — Uler me chama do outro lado da porta.

     — SIM? — Grito, colocando o porta-retratos de volta na mesa.

     — Me encontre as nove horas na COM! — Diz e depois escuto passos pesados, aparentemente ele estar indo embora.    

     Olho o relógio que estar marcando 7:53 AM. Preciso correr, se não ficarei sem tomar café da manhã.    

     Entro no banheiro e tomo um banho de água quente, que apesar de relaxar o meu corpo, cada gota que toca minha pele dói. Como fui trazido para a Forgia sem nenhum aviso prévio, não tenho nenhuma roupa minha usar, então estou usando estas vestes esquisitas que parece um quimono, mas quase todos usam por aqui.    

     Assim que estou pronto, me vejo no espelho do banheiro para analisar meu olho inchado que ganhei com os treinamentos com o Saulo, porém ele continua no mesmo estado de quando o ganhei.    

     Respiro fundo e saio do quarto, indo em direção ao elevador. Logo que chego no refeitório, não perco tempo e vou para fila para pegar minha refeição nas máquinas de comida, afinal o café da manhã é a refeição mais importante do dia.

     Quando chega minha vez, vejo que o tema do dia é “café da manhã argentino”, escolho nas opções um croissant de queijo, um brioche e um café com leite. Com minha bandeja em mãos, vou até a ponta direta do refeitório, onde é mais vazio e tem uma ótima vista da floresta. Sento em uma mesa vazia, pretendo a alguns dias terminar o treinamento e ir embora, então não há motivos de criar amizades. Meus verdadeiros amigos estão me esperando em Niterói.

     Bebendo o café com leite, sinto minha vontade comer ir embora. Esta bebida me lembra a última vez que tomei café da manhã em casa, em que eu justamente tomei uma droga de café com leite.    

     Droga!

     Penso, colocando a bandeja para o lado, no mesmo momento vejo Ship se aproximando.

     — Está tudo bem com você? — Ele pergunta, se sentando na minha frente.

     Por que tudo tem que ser tão difícil nesta vida? Por que tudo que acontece na vida tem que ser coisas inesperadas, coisas que eu não pedi, que só veem para cada vez mais me deixar no fundo do poço.    

     — Lupos? Aconteceu alguma coisa? — Ship pergunta em um tom mais alto.

     — Aconteceu que eu estou aqui ainda, no meio da Amazônia — Aponto para a janela — Estou aqui, aprendendo nada com o péssimo instrutor marrentão que Uler escolheu.    

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