Forgia

Capítulo IV - Quebrador De Árvores

     — Ship, como assim eu não vou poder voltar para casa?! — Pergunto quase gritando, mas não estou me importando se estar incomodando quem estar treinando, afinal nas últimas horas ninguém estava tendo consideração comigo, nenhuma pessoa me contou o fato de eu não poder ir embora — Eu pensei que aqui fosse uma escola! Que eu ia voltar para minha casa de noite ou nos finais de semana!

     — Lupos, calma... você não entende — Ship diz bem calmamente, colocando a mãos nos meus ombros.

     — Como CALMA?! — Grito, indo para elevador e colocando a mão no painel, mas ele não abre porque ainda não estou cadastrado nesta droga de sistema — E eu me chamo, Bernardo!

     — Lupos, Bernardo, seja como for seu nome, tenha calma, por favor — Ele pede, vindo até mim.

     — Como posso ficar calmo se eu vou ficarei encarcerado neste lugar, não vou poder voltar para o Rio.

     — Lupos, escute — Ship me faz sentar no sofá e depois senta ao meu lado — Você vai voltar para a casa, mas não agora, primeiro você deve completar seu treinamento...

     — Mas por que não posso treinar e ir para casa? — Pergunto, o interrompendo.

     — Porque você corre perigo.

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     Comigo um pouco mais calmo — apesar de estar assustado com o fato de eu estar correndo perigo —, Ship me trouxe de volta à CPT, dizendo que tem que mostrar algo na sua sala de trabalho. Assim que chegamos, vejo que ela é totalmente diferente daquela outra onde nos conhecemos, além de ter a maravilhosa mão robótica dos deuses, esta sala parece mais com um escritório, só que um escritório dentro um de laboratório.

     — Veja isso — Diz, mexendo em computador incrível, que tem um monte de botões estranhos de algo que parece ser um teclado. Por fim Ship clicou na tela do supercomputador e apareceu uma matéria do “O Globo”, jornal local do Rio — Isto saiu no dia seguinte ao seu acidente.

     A matéria tem como manchete: “Acidente Na Ponte Rio-Niterói”. A notícia também apresenta algumas fotos do acidente, porém só aparece o carro do Carlos.... Eu pensei que ele tinha batido em outro veículo, ou talvez...

     — Este acidente não foi o Uler que causou? — Pergunto, olhando nos olhos azuis e inocentes de Ship.

     — Uler?! Não! Ele te salvou, os deuses fizerem isto contra você, eles que te atacaram.

     O que?! Começo a ficar confuso com isso tudo.

     — Mas por que? Eu não fiz nada contra eles, eu acho...

     — Também não sabemos ao certo, mas temos certeza que eles não te querem vivo, Lupos.

     Continuo lendo a matéria, que diz que eu desapareci e suspeitam que meu corpo tenha caído na baía. Imagino como minha mãe deve estar arrasada pelo o que estar “aconteceu” comigo. Como eu sou egoísta, ela com certeza está mal no Rio, sofrendo porque acha que eu estou morto, e eu aqui, feliz de estar na Forgia, feliz por saber sobre as áureas, feliz de saber que deuses existem, apesar de saber também que eles querem me matar.

     No fim da matéria, leio que Gabriel está internado, ma... Mas Carlos sofreu um forte trauma no cérebro e... E não resistiu...

     — Não é possível! — Digo, não acreditando no acabei de ler, porém vejo que o trecho “não resistira” está claro e não tem como encontrar uma brecha para mudar esta realidade.