Capítulo II - Meia Maratona

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     — Bem-vindo ao novo lar, Lupos — O homem de cabelo quase vermelho, parecido com a cor de um vinho derramado em um lençol branco, responde minha pergunta com um olhar intimidador e assustador. Para piorar, ele está bem próximo de mim, me causando um medo interno maior ainda.

     Isto não pode ser real.

      — Forgia? Lar? Onde eu estou?! — Digo desesperado e depois fecho os olhos. Talvez isso seja um sonho, talvez eu acorde de novo carro de Carlos... E Gabriel.... Caramba! Eles estavam desmaiados...

     — Lupos, vamos fazer o seguinte: eu vou para ali — Ele deve estar apontando para algum lugar, mas não tenho coragem de abrir os olhos, tudo o que quero é que isto seja um sonho — Vou ficar longe de você e te conto tudo o que estar acontecendo, tudo bem?

     Abro os olhos lentamente e me deparo no mesmo lugar.

     Não, isto é um sonho...

     Vejo o homem do cabelo de vinho sentado na cama. Começo a analisar todo cômodo, com certeza deve ter alguma forma de sair daqui... Bom, este lugar apesar de ser diferente de tudo que já na vida, aparenta ser um quarto. Tem uma cama com lençóis em tons escuros e esquisitos, uma poltrona de couro, um armário com alguns livros meios velhos e bem ao lado dele uma porta... A porta!

     — Lupos? — O homem-vinho me chama.

     A porta é a minha saída! Tenho que correr para ela o mais rápido que puder, mas tenho que ser muito veloz mesmo, esse homem enorme parece fazer exercícios todos os dias, se eu for devagar, ele conseguirá me pegar e me estrangular com as mãos.

     Correrei no momento certo.

     — Lu-Lupos? Por que você está me chamando de Lupos? — Tento  distrai-lo de alguma forma — Me chamo Bernardo.

     — No momento certo te direi — Ele responde, levantando da cama e se aproximando novamente de mim, mas eu estico os braços para que ele pare, e faz isso a alguns centímetros das minhas mãos — Antes de tudo, você tem que saber que....

     Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa maluca, o empurro com as mãos e corro imediatamente para a porta. Consigo abrir ela rapidamente, não sei como tive toda essa agilidade, mas não quero achar uma explicação para isso agora. Assim que saio do quarto, vejo um corredor estranho, com iluminação fraca e cheios de portas. Sem pensar duas vezes começo a correr para direita, até porque não consigo ver o final de nenhum dos dois lados, ou seja, eu acho que não fará diferença para que lado eu correr.

     Enquanto corro, reparo que até mesmo o corredor é estranho, o chão é meio metálico e escuro. As paredes têm algumas partes metálicas, como fosse pilares, e os trechos livres estão pintados de cores variadas, como azul, verde e vermelho. Reparo também que até as portas são metálicas, mas tem listras com as mesmas cores da parede.

     — Onde que estou? — Murmuro para mim mesmo.

     Enquanto corro, ouço o homem do cabelo-vinho me gritar para voltar. Não sou louco para chegar nesse ponto. Também vejo algumas pessoas, mas em vez delas me segurarem — não que eu queira isso —, elas se assustam comigo e saem da frente, entrando nas portas ou simplesmente encostando na parede para dar espaço para eu passar. Eu sei que esse meu cabelo preto com uma franja enorme que quase tampa meus olhos, me deixa parecendo com um gótico falso escroto, apesar dele não ser tão lisos e minhas roupa não serem todas pretas, mas acho que também não é um motivo tão grande para tanto espanto.

     Continuo correndo até que chego em um lugar mais aberto e espaçoso que o corredor em que eu estava. Mas este lugar não tem saída. Certo, tem portas de elevadores, mas não um botão para chama-los, em vez disso tem um painel em formato de mão.

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