Uma história de amor na Favela. {Concluído}

Capítulo 01- (Valentina)

3 anos atrás...

Hoje é dia de baile no morro da rocinha, e tá ligada né? Nós tem que marcar presença, ainda mais pra conhecer a nova dona daquilo tudo lá parceiro. Meu irmão já tá ficando doido de ansiedade, menor falou pra ele que a mulher é linda e ele como o galinha que é tá louco pra cair na boa. Já eu tô louca é pra dançar, beber e fumar uns becks pra relaxar, e também pegar uns novinhos, claro né, uns playba também, porque nós gosta de pegar esses filhinhos de papai pra acabar com eles, aqui eles vê que a pegada é diferente. Mas gente sou virgem tá, sei que não parece, mais eu sou e meu irmão fica mó grilado quando eu vou pros bailes, porque pego os amigos dele, mais isso é quando estamos aqui no complexo, já lá na rocinha quero pegar é umas coisinhas diferente. E como de curtume vamos naquele shopping brabo fazer o cabelos, as unhas e gastar muito. Porque nós também merece gastar  com coisas de boa qualidade. Termino de me arrumar e pego uma bolsa, coloco os cartões de créditos nela e pego meu celular saindo do meu quarto. Desço as escadas e vou até minha mãe e meu irmão, me sento e começo a tomar meu café da manhã.

— Bom dia bom dia.— falei animada.

— E qual é dessa animação toda? — perguntou Picasso.

— I alá mamãe, ele acha que devo satisfação pra ele. — falei irônica.

Ele apontou língua pra mim.

— Picasso olha os modos. — minha mãe brigou com ele.

Gargalhei.

— Vai trouxa. — falei rindo.

— Valentina te aqueta também. — ela falou e Picasso riu.

— Acho que não é só eu que tomei, a princesinha da mamãe também. — disse debochando.

— Vai se foder. — mandei.

— Mais tarde. — disse e revirei os olhos.

— Ela nem vai te dar condição. — falei e ele ficou nervoso.

Ri muito.

— Tu que pensa, todas cai no meu jogo querida. — falou passando a mão pelos cabelos.

— Ata. — falei rindo e terminei meu café da manhã, me levantei. — Eu vou indo nessa família. — falei.

— Vai onde filha? — perguntou minha mãe.

— Gastar né mãe, ela só faz isso. — Picasso respondeu.

— Coitado! — falei. — Vou no shopping. — disse despejando um beijo na testa da minha mãe.

— Vai com Deus filha. — ela falou.

— Amém... — falei saindo.

Cheguei na garagem e adentrei no meu carro, ele é um santa fé branco. Dei partida e sai de casa, foi descendo devagar, aqui no complexo é um lugar lindo, mano eu amo morar nesse lugar. As pessoas aqui me conhecem desde de pequena, conheço todo mundo e cara eu faço o máximo pra poder ajudar essas pessoas, dou cestas básicas junto de meu irmão, Picasso é galinha, bruto, vagabundo, mais tem suas qualidades, ele também ajuda muito as pessoas e esse lugar aqui é tudo pra ele. Sai do complexo e segui para São Conrado, gosto mais do shopping de lá, nem tanto do shopping, é mais porque o meu cabelereiro preferido tem um salão lá, então vou mais nesse shopping. E mais nem posso ficar andando muito pra longe, porque vai saber se os PM já num sabe quem sou eu e pá, não quero correr o risco de parar numa prisão aos dezessete anos. Cheguei no shopping, estacionei meu carro e desci. Entrei e fui direto para o salão, quero arrumar meus cabelos agora de manhã e fazer tudo que preciso no salão, pra depois ficar de boa e poder andar tranquilamente por essas lojas e gastar muito, eu gosto de comprar roupas, mesmo que eu tenha muito e tal, só que eu gosto de ir com calma, de andar nas lojas, experimentar com calma e poder escolher com calma também, então por isso vou arrumar meus cabelos primeiro. Entrei no salão e beto já veio na minha direção, ele me cumprimentou com um beijo no rosto e sorrindo.