TRETA

8.5K 1K 234
                                    

CAPÍTULO 8 TRETA

 HENRIQUE BRANDÃO

Acordei com os gemidos de Carolina chamando meu nome. Ela estava sonhando comigo, eu tinha certeza. Diabo de mulher teimosa, o quanto antes ela fosse embora, seria melhor, o problema é que ela era uma tão teimosa quanto uma mula empacada.

Levantei da cama. Aquela era a primeira vez em anos que eu quebrava minha rotina secreta durante a madrugada. Aquilo não poderia mais acontecer. Me vesti e calcei as botas e fui para a cozinha. Comi o pão com uma xícara de café requentado. Juntei as comidas dos potes e as frutas da geladeira .

Vamos ver quanto tempo a doutora aguenta sem comida.

Dei a mistura aos porcos.

— Dia patrão! — O irmão mais velho de Zira me cumprimentou quando me viu encilhando Moa.

— Dia ! E aí nasceu o bezerrinho? — Afivelei a cela e montei. Para guiar as vacas para o pasto.

— Ainda não fui no celeiro.

Encho os pulmões e toco o berrante dando início a rotina na fazenda.

— Então bora lá folgado — a distância vejo que Carolina me observa pela janela de meu quarto. Pisco um olho sabendo que isso irá irritá-la.

Cutuco com os calcanhares das botas a égua que já acelera o trote.

-Tô falando Silas, aquela mulher é osso duro, cheia de não me toques, deve ter nojo até da sombra

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

-Tô falando Silas, aquela mulher é osso duro, cheia de não me toques, deve ter nojo até da sombra.

— E se ela quiser ficar na fazenda? — Ele tinha preocupação na voz. — E se quiser nos expulsar?

A fazenda era imensa e havia mais cinco famílias que trabalhavam ali, plantando, ajudando com a colheita, outros tratando dos animais.

— Já disse que ninguém vai ser expulso daqui. Eu dei minha palavra não dei?

Joguei sobre o ombro um saco de ração de quase vinte quilos, e o carreguei até o celeiro, para distribuir aos animais.

— Você tinha que ver a cara da dondoca ontem na hora do almoço.

Silas escova a crina de Moa e dá uma risada.

—O senhor falou na doutora a manhã inteira.

— Claro aquela mulher me atormenta. Mas logo logo vai achar o caminho de volta para casa.

Lembrei de seus saltos afundando no barro, no dia anterior.

— Esse lugar não é pra ela.

— Sei sei. Isso tá parecendo outra coisa.

Moa relincha. Largo pesado saco no chão e o xingo.

— Fala besteira peão. Apesar daquele corpo, a mulher é só incomodação.

Bruto ***Degustação***Onde histórias criam vida. Descubra agora