Eu tinha um novo horário na escola. Foi algo que eu agradeci, pois não tinha mais aulas de álgebra avançada com a turma de Harry. Em compensação me inscrevi nas aulas de História avançada, onde eu fiz dupla com uma garota transferida do Texas, Normani. Normani é legal, mas fala demais.
Ela fez questão de almoçar comigo, e me apresentou seu amigo Shawn - quem eu descobri ser o garoto da arquibancada. Depois de nos reconhecermos, foi fácil começar uma conversa. Foi bom fazer novos amigos além dos que já tinha, outras pessoas que não se importam com o que todos dizem sobre mim.
— Eu ainda não entendo essa Jauregui, pra falar a verdade — Mani disse, franzindo o cenho e observando Lauren do outro lado do pátio. — Como uma pessoa pode ter tanto preconceito?
— Normani, não encara — eu murmurei entre dentes.
— Camila, se você abaixar a cabeça, nada nunca vai mudar!
— Por favor, Normani. Olha para mim.
Felizmente ela obedeceu e pelo canto do olho vi que Lauren não olhava para a gente. As pessoas achavam que o grande problema era o preconceito de Lauren com a minha intersexualidade, porque quase ninguém além do meu grupinho sabia dos meus sentimentos por ela.
— Fazendo novos amigos, Cabello? — Bradley falou, se aproximando quando eu ia para o estacionamento com Normani e Shawn. Foi a primeira vez que o garoto falou comigo diretamente. — O que aconteceu, os outros cansaram de você? Eles também não gostam da aberração, né? E vocês dois, sabem do que essa aberração tem entre as pernas?
— A mesma coisa que você! — Normani respondeu dura, ela e Shawn assumindo posturas protetoras e entrando na frente do Simpson. — Isso te faz tão aberração quanto ela. Quanto Shawn, quanto qualquer menino daqui. Se toca, Bradley.
Normani se virou para ir embora, quando o garoto, vermelho de raiva, segurou forte em seu braço.
— Você nunca mais vai falar assim comigo, sua preta nojenta. — Rosnou próximo ao rosto dela. Shawn foi rápido em dar um soco no maxilar do outro garoto, e antes que ele pudesse revidar, o empurrei, aproveitando que estava no chão para arrastar meus amigos para longe.
— Obrigada por me defender — disse, com os nervos já acalmados —, os dois. Mas não quero que ninguém arrume problemas por minha causa.
— Não há de quê, Mila — Shawn disse, balançando a mão que machucou no soco.
— Mas tomem cuidado, tá legal? — Pedi, os dois acenando em resposta.
Harry me deu carona para casa naquela tarde, aproveitei para apresentá-lo à Normani e Shawn, que ele não parava de secar. Compromisso para ele é só no papel mesmo.
Marcamos com Leigh um encontro pelo Skype, assim todos conheceriam a garota. Ela e Ally se deram muito bem, já Harry e Dinah não pareciam se esforçar para deixar uma boa impressão e faziam piadas o tempo todo. Louis elogiava o seu sotaque a cada frase dita por ela e eu ficava babando — e vice versa. Não tinha falado com Leigh há mais de uma semana, então foi gratificante revê-la, principalmente junto dos meus melhores amigos.
Depois de um tempo, ela precisou ir resolver algumas coisas com o pai, e prometeu me ligar mais tarde, então desligamos o notebook e esperei para ouvir a opinião sincera de todos.
— Eu shippo — Harry disse, e todos concordaram.
Quando cheguei em casa às oito, depois de passar a tarde na casa de Dinah, minha mãe estava sentada no sofá com um envelope nas mãos e uma cara não muito boa.
— Mãe, tudo bem?
Ela jogou o envelope em cima da mesinha de centro e me aproximei para ver. Era uma carta de processo.
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Prejudged
FanfictionCamila achava no ensino fundamental que a escola era um mar de rosas. Mas o ensino médio está aí pra mostrar a ela como estava enganada. Ou não?