Parte 6 - Carter

50 7 6
                                    

               A delegacia nunca esteve tão cheia.

               Assim que Sadie caiu desmaiada, eu e Zia a acompanhamos e acordamos apenas em uma ambulância, estávamos bem apesar das escoriações, mas Sadie foi a única que ficou desmaiada até chegarmos à delegacia, já que tinham médicos preparados em nossa espera. Não demorou a todos do acampamento estarem lá, chorando, pedindo por seus pais. Senti falta de Fred, mas tive que me contentar que ele não voltaria mais. Um líder pensaria assim, todos os sacrifícios devem valer a pena. Mas o de Fred valeu?
Ainda falho e muito como um líder que a Casa da Vida quer, deixei minha irmã usar o feitiço mais poderoso e que pode mata-la com facilidade.
Apesar de que ela acordou em apenas alguns minutos, então talvez Isis tenha dado uma força para ela naquele momento.

Zia estava debruçada em meu ombro, cochilando, Sadie estava recebendo algumas ataduras de gaze do meu outro lado. As colegas de barracas das duas estavam por perto e quando nos viram, perguntaram onde nos metemos; dissemos que fomos pegos pelo serial killer e que graças a Sadie conseguimos nos salvar, mas não demos detalhes.

Descobrimos que Biley e Fred foram os únicos assassinados e que as outras pessoas desaparecidas estavam apenas fazendo uma busca clandestina pelo amigo, isso deixou minha mente um pouco menos pesada. Apenas um pouco.

                 Os pais começaram a aparecer meia hora depois para processar o acampamento pela irresponsabilidade e levar seus filhos para casa, os semblantes de cada campista iam se abrandando aos poucos, imaginei que tio Amós não viesse nos buscar, mas em cerca de uma hora ele apareceu com um sorriso brilhante no rosto.

- E aí, como foi o acampamento? – Ele olhou para o estado de Sadie, mas apenas franziu um pouco o cenho. – Ei, senhor policial, eles não fizeram nada de errado, certo? – Ele não esperou o policial responder. – Vamos, crianças, me contem como foi no caminho para a Casa do Brooklyn! – O policial perguntou se tio Amós não queria prestar ocorrência, mas ele negou. – Meus sobrinhos estão bem, é isso que importa.

Levantamos, o sorriso meio fraco, olhei para as colegas de barraca de Sadie e Zia, elas estavam com os olhos arregalados para tio Amós, como se não acreditassem que existia um adulto com mente suficientemente boa para nos abordar daquela forma depois de um psicopata tentar nos matar. Se elas soubessem que esse tipo de coisa acontece quase toda a semana...

Sadie riu.

- Eu adorei, tio! Mal posso esperar para o ano que vem – Então ela olhou para as garotas. – Espero vocês lá – Piscou e saiu. Eu e Zia trocamos olhares e começamos a rir baixo, os policiais ainda nos olhavam, então nos apressamos em sair dali.

- Vocês são legais – Zia se despediu, pegando em minha mão e me guiando para fora da delegacia, pronto para voltar para a deusa Bast, o babuíno, o crocodilo e os nossos iniciados. As únicas pessoas com quem realmente quero conviver.

             Afinal isso foi apenas mais um dia de um descendente de faraó.

☆☆☆

Obrigada por lerem e até a próxima! ^^

Mitos são ReaisOnde histórias criam vida. Descubra agora