Depois do jantar no restaurante mais famoso da cidade, onde foram muito bem tratados, Noah e seu pai voltaram pra casa. Felizmente a distância do restaurante até a nova casa não era muita, o percurso foi todo feito todo em silêncio. Quando chegaram em casa Noah foi logo para o seu quarto sequer se dignando em desejar boa noite pro meu pai, coisa que tinha o costume de fazer todas as noites, mas isso era antes.
Ele era consciente de seu pai não merecia meu descaso, que também estava sofrendo mas ele não consigo o encarar, sempre que o fazia se sentia a culpa lhe corroer por dentro. Pensava que, se talvez, tivesse sido um pouco menos egoísta, só talvez, hoje seu irmão e sua mãe ainda estariam vivos, não teriam de se mudando e ele ainda teria vários motivos para ser feliz.
Entra no quarto sequer se dando ao trabalho de acender a luz. Tateando em meio a escuridão caminha até sua cama e se deito enquanto fica pensado em como só trazia desgraça pra pessoas que se aproximam de si. Por vezes só queria que tudo isso não passasse de um pesadelo e que assim que acordasse tudo fosse totalmente diferente.
Algum tempo depois ouviu batidas na porta, não respondeu pois sabia que era seu pai, sabia que ele queria conversar consigo mas ainda não se sinto seguro pra fazer isso, então resolveu que fingir estar dormindo seria o suficiente para afugentar o pai. Contudo ele não foi embora, ao não obter uma resposta seu pai abriu a porta e entrou em seu entrou. Ainda fingindo estar dormindo Noah apenas pode ouvir seus passo se aproximar da cama. Depois, para sua surpresa, sentiu o calor de suas mãos passando por seus cabelos, em num leve carinho, e logo após um beijo na testa.
-Eu sei que estás sofrendo muito e que talvez no momento você estejas com muito ódio de mim, sei o quanto amavas aquela casa... - Começa a falar achando que o filho esta dormindo - Eu também... Eu só quero teu bem, se eu pudesse pegava toda essa dor e culpa que você sente... - Fala com a voz embargada pelo choro preso em sua garganta - Se eu pudesse pegar, eu pegaria pra mim, só pra poder ver de novo o brilho nos teus olhos e um sorriso sincero em seu rosto... Eu te amo meu filho... - Cristian suspira uma vez mais e volta a depositar mais um beijo na testa do filho, desta vez mais demorado que o anterior, logo seguida da mesma forma como entrou no quarto sai.
Após ouvir o barulho da porta se fechar, Noah se vira de lado na cama, ficando de costas para a porta, lágrima dolorosas escorrendo de seus olhos. Ficar sabendo que seu pai pensava que ele o odeio era doloroso. Ele queria tanto ter forças o suficiente para lhe dizer o quanto o amava, tanto ao ponto de achar melhor se afastar tendo o perder. Já havia perdido sua mãe e seu irmão de forma trágica, não se perdoaria se acontecesse algo ao seu pai por culpa sua. Com esse pensamento adormeceu, acabando por voltar a ser assombrado pelo mesmo pesadelo de todas as noites, mais uma vez se colocando como espectador do acidente que tirou a vida da sua mãe e irmão sem poder fazer nada para os salvar.
Após acordar do pesadelo não conseguiu adormecer outra vez, pois sabia que aquele pesadelo voltaria pra o atormentar assim que fechasse os olhos, era o mesmo todas as noites. Sem vontade de voltar a adormecer acabou por ficar acordado até ver os primeiros raios de sol entrar pela sua janela. Sem pressa alguma se levantou da cama e foi em direção ao banheiro fazer sua higiene pessoal. Querendo ou não teve que se apreçar um pouco, não poderia se dar ao luxo de chegar atrasado no primeiro dia de aula na escola nova, Escola Pública de Amaranto (EPA), não queria ter de chamar mais atenção do que era devido para si, como se ser membro de uma das famílias mais ricas de Paitã já não fosse um grande chamariz.
Noah bem que tentou argumentar com seu pai sobre o porque de ter de ir para uma escola publica quando eles tinha dinheiro para aulas particulares em casa. Porem seu pai estava irredutível e nem um pouco aberto a negociações. Uma vez que a escola privada mais perto fica na cidade vizinha e seu pai de jeito nenhum queria que o filho tivesse aulas em casa, temendo que ele se isolasse ainda mais, a única opção viável era ir para uma escola publica.
Depois de um banho demorado de água fria Noah sai do banheiro com uma toalha enrolado na cintura enquanto usava uma outra menor pra limpar seus cabelos negros. Por instantes parou o que fazia e ficou admirando seu reflexo no espelho, faz tanto tempo que não tirava tempo sequer para se ver ao espelho, por ter se deixado mergulha em sua tristeza cada vez mais, que acabou por levar um pequeno susto com o que viu.
Estava em um estado decadente, seu cabelo antes curtos e bem tratados agora estavam na altura dos seus ombros, as suas olheiras estavam bem visíveis por causa das noites mal dormidas, seu corpo antes musculado e esbelto agora está tão magro. Mas isso não lhe afetou, sequer conseguia se importar com a mudança drástica em sua aparência. Simplesmente terminou de se secar e foi vestir uma roupa. Pegou uma calça Jean skinny de cor preta, uma camisa branca com uma estampa de um tigre e um casaco preto com capuz.
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Medos & Segredos (Romance Gay)
RomanceNoah é um adolescente, atormentado por seus medos, após um terrível acidente em que apenas ele sobreviveu, Noah se fecha para o mundo, se fechando assim pras emoções, pouco à pouco foi consumido por seus demónios que insistem em dizer que ele ia pe...