Capítulo 49

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Em menos de um ano, perdi meus dois amores. Minha primogênita, minha filha Valentina, e o próprio. Passei um ano em busca dela, na esperança de que ela ainda estivesse viva, mas sei que no fundo não estava, eu só não queria acreditar. Passei um ano, invadindo morros e morros rivais em busca da minha pequenina. Mas nada, nada dela.

  Passei um ano chorando as escondidas, um ano pensando em tudo. Jamais pensei que isso iria acontecer comigo, e porque comigo. Após a morte da minha filha recuperei minha memória totalmente. Conseguia me lembrar do parto dela, dos primeiros dias de nascida, do barulinho que ela fazia com a boca, do primeiro choro, primeiro passo, a roupa de que saiu da maternidade, da primeira vez que ela mamou.. Eu realmente tinha morrido por dentro junto com a minha filha. Eu ainda não conseguia entender porque fizeram isso comigo e com a minha filha. Ela era uma criança inocente, não tinha culpa se o pai era dono do único morro que lhes interessava.

Minha filha, Valentina, morreu aos 6 anos de idade, assassinada por bandidos que até hoje estão impunes. Ela foi torturada até a morte, esquartejada, e ainda por cima queimaram o corpo dela.

Essa, foi a única coisa que conseguiu me destruir sem medir esforços, porquê eles me atingiram aonde sabiam que eu iria cair. E a nossa jóia maior não era à riqueza, era ela, porquê depois que eu recuperei minha memória eu percebi tudo que tínhamos passados juntos, principalmente com essa gravidez.

Agora eu percebi, o quanto eu havia morrido junto com a minha filha, ela realmente não tinha culpa de nada. Não tinha mesmo!

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