Cap 10 - Samantha, a irmã superprotetora

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Eu me sento no sofá ao lado dela.

Certo,acho que chegou à hora de contar à Sam. Não posso esconder mais dela, a situação não me permite mais. Agora eu sei que ela vai descobrir de uma forma ou outra... Então, melhor que eu conte.

-Bem, tudo começou ontem cedo...

Sam me encara atenta enquanto falo. Ela não diz nada só me encara e eu acho melhor assim. Sei que ela está guardando a bronca para o final, e não gosta de ser interrompida, por isso não me interrompe.

Eu falo toda a verdade, até sobre Thomas ser hacker, pois eu confio nela o suficiente para contar esse segredo. E juro, esse silêncio dela está começando a me incomodar. Parece até um robô. Ela não podia falar uma coisa?

Termino contando até esse exato momento. O silêncio domina, tanto que ouço um zunido por causa da minha audição acostumado com barulho constante. Não tenho muito costume de ouvir o silêncio.

-O quê eu te disse? - ela começa me olhando nos olhos. Sua expressão facial é calma. Mas eu sei que essa calma é falsa, e que uma luta interior para projetá-la está acontecendo.

Somente a encaro.

-Eu avisei que esse negócio iria dar problema, não disse?

-Eu sei, mas...

-Não tem mais nem menos! Sarah eu disse que era perigoso, eu disse que isso um dia encrencaria a gente!

-Você não está encrencada, sou eu...

-EU TAMBÉM ESTOU! - diz ela estourando. - Você é minha irmã, e se está com problemas eu também estou! Será que não entende? Como pode ser tão egoísta...

-Não estou sendo egoísta! Eu estou contando para você.

-Depois que toda a bola de confusão se armou? - então suspira para se acalmar.

Sinto-me culpada.

-Sarah o que pretende fazer agora? - ela pergunta calma, mas não me encara.

-Vou tentar descobrir junto com Waide e Thomas quem é essa pessoa, e também pretendo ajudar a polícia. Tudo o que eu quero é me livrar disso. Estou com medo e apavorada. E a última coisa que quero é que aconteça algo com você, por isso é que quero que tome cuidado.

-Não. Você é quem deve tomar cuidado! E isso já passou dos limites o suficiente! Eu vou ajudar vocês a descobrir, eu quero fazer isso. Mas promete que se acabar tudo bem você não irá mais se envolver com isso?

-Você não vai se meter nisso! EU vou resolver...

-Calada! E só me obedeça. - diz ela se levantando com autoridade - Já estou farta. Eu te dei liberdade, nunca ousei a usar minha autoridade com você, mas agora me arrependo e vejo que terei que tomar as decisões aqui com pulso. Eu quero está por dentro de tudo, quero ajudar estando presente. E quando acabar quero que você nunca mais ouse a mexer com essas coisas. Ouviu?

-Sim. - respondo meio perplexa com a atitude de Sam.

O problema de tudo para mim, é que ela tem razão. Infelizmente estou errada aqui e não posso discutir. Mas ela me ajudar já é demais para mim!

-Sam, juro que nunca mais me envolvo quando isso acabar, mas não quero que se meta. É um jogo para hackers, e você não entende...

-Não me importo. Vou ajudar com minha inteligência se for necessário. Mas quero estar por dentro de tudo.

Eu a encaro perplexa. Meu deus, como eu a explico que não é tão fácil assim?

-Vou subir e tomar um banho. - ela se ajeita e quando chega aos pés da escada ela me olha decepcionada.

Ela sobe me deixando aqui sozinha com cara de taxo. Sério?

Acho que foi um erro contá-la.

...

Abro a porta do quarto de Sam e por alguns segundos me lembro do beijo, mas a lembrança vai quando vejo Sam sentada na cama de pijama. Ela está de costas para a porta. Fecho a porta e encaro seu longo cabelo loiro andulado.

-Sam?

Ela se vira e vejo que seus olhos estão vermelhos e enchados, a ponta do seu nariz está vermelho assim como suas bochechas. Ela estava chorando.

-Não fique assim Sam. - corro até ela chateada com isso.

Quando chego até ela eu a abraço. Um abraço tão apertado que fico com falta de ar. Ela começa a soluçar em meu ombro.

-Eu me preocupo muito com você!-  ela me solta e a gente se encara. Meus olhos se enchem de lágrimas... Odeio essas situações -Você é tudo o que eu tenho. E eu prometi à mamãe que cuidaria bem de você, mas não estou comprido. Estou falhando e me sinto mal.

-Não fique assim. A culpa não é sua. Eu é quem estava fazendo isso o tempo todo. Eu podia ter te escutado, mas eu não o fiz. - eu a abraço-  Eu te amo. Me perdoe!

A gente se envolve novamente em um abraço apertando. Imagine a cena embaralhada de cabelos bagunçados, lágrimas, fungadas, sentimentalismo ao quadrado... É exatamente o agora.

Me sinto mal e culpada E quer saber? Esse chororô da minha parte são lágrimas que guardava no fundo do meu peito já de um bom tempo. Então aproveito e choro por tudo que posso chorar. Esse momento é aquele que quando você chora para valer, quando você chora por um motivo e aproveita e chora pelo todo o mundo. Chora pela humanidade ser tão errante, tão egoísta e orgulhosa que não olham para as outras pessoas mais solidários e em paz.

-Quer dormir aqui comigo? - pergunta Sam se instalando na cama secando as lágrimas.

Concordo com a cabeça. Me ajeito na cama ao seu lado. Sam passa o braço envolta dos meus ombros e me abraça. Sinto-me bem com isso, e lembro do quanto sentia falta dela.

-Desculpe ter sido grossa com você hoje cedo? - digo depois de fungar.

-Sim. - me responde docilmente-  Eu te amo tanto. Vou proteger você o máximo que eu puder.

-Também vou proteger você.

Fecho os olhos para descansar a mente. A dor de cabeça não passa!

Não demora até que ouço a respiração dela ficar mais lenta. Olho para Sam e ela dorme. Pobrezinha, devia estar tão cansada.

Deito e fecho os olhos. E rezo pela primeira vez em anos. Agradeço por ainda ter pessoas que se importam comigo, agradeço por tudo, e então peço para que Deus nos proteja e que a gente se safe dessa ilesos.

Não sei se funciona, mas fiz minha parte.

Sam suspira. Olho para ela de novo.

Sam, a irmã superprotetora.

Sorrio sentindo meus sentidos me deixarem...

Quem É O Assassino De Hackers? - Um Jogo Para Hackers...Onde histórias criam vida. Descubra agora