21 de abril de 1928

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Bremen, Alemanha

19 de abril de 1928

O tempo era ameno na pequena cidade de Bremen, conhecida pela sua arquitetura esplendorosa e estátuas majestosas que levam qualquer pessoa a sentir-se num livro repleto de contos de fada. Provavelmente, este seria o lugar ideal para iniciar romances intensos ou até mesmo realizar um simples passeio, unicamente para desfrutar da temperatura agradável e rara num país como a Alemanha, que sempre se apresenta com o céu num tom cinzento, semelhante ao de Inglaterra. Esse era o caso de Margalit Schwartz, uma jovem de dezoito anos, dona de um belo cabelo castanho-escuro e ondulado – invejado por muitos -, e um par de olhos castanhos que encantavam qualquer pessoa. Definitivamente, a sua beleza não a deixava aquém das restantes jovens alemãs, que, numa forma geral, possuíam uma estatura alta e esbelta, cabelos loiros e olhos azuis.

Nesses fins-de-semana, Margalit aproveitava para passear por um jardim próximo da sua casa, cumprimentando amigavelmente os habituais idosos que se sentavam nos bancos espalhados pelo local, deixando a sua simpatia cativar qualquer um.

- Bom dia, Senhora Schwammbach – cumprimentou a senhora idosa antes de sentar-se ao seu lado.

- Bom dia, minha jovem. Como foi o teu dia? – Margalit simplesmente encolheu os ombros.

- Os dias que decorrem têm sido tão monótonos. Nenhuma diferença em geral – respondeu. O silêncio instala-se entre as duas. Entretanto, ela começa a observar um casal que caminhava de mãos dadas, enquanto conversavam animadamente.

- Uma jovem tão bonita como a Margalit deve ter muitos homens a tentar a sua sorte, não estou correta? – uma gargalhada escapa da boca de Margalit.

Realmente oportunidades nunca lhe faltaram, porém ela sempre se considerava demasiado jovem para preocupar-se com tais assuntos, especialmente com a mãe numa condição bastante debilitada, exigindo da sua atenção e ajuda com a lida da casa e com o seu trabalho. Por outro lado, as suas crenças impediam-na, de certa forma, de arranjar alguém com ideias contrárias às que a sua família carrega já por diversas gerações. Apesar de ser uma jovem com pensamentos e ideologias bastante modernos para a época, ainda assim prezava a sua linhagem e a constante luta do povo judeu no passado. Em tempos, o seu pai quis arranjar-lhe casamento com um rapaz decente, de família fiel e conservadora, todavia, Margalit contestou essa decisão e deixou claro que seria ela a tomar as suas próprias decisões e não queria a interferência de ninguém. No fundo, o casamento ou o amor não eram tópicos que Margalit priorizava na sua vida, tendo em conta a situação instável da mãe.

- Creio que não, senhora Schwammbach – replica, após uma breve reflexão.

- E como está a Ruth? – uma expressão triste surgiu no rosto da jovem, mas logo disfarçou com um pequeno sorriso – Deixa-me adivinhar, teimosa como sempre. Se não fosse pela sua bondade imensa, a esta altura já seria uma velha rabugenta como eu – a rapariga deixa outra gargalhada escapar.

- Não diga isso! – contestou – Quem dera a muitos ter a sua energia!

- E viverem o que vivi! – acrescentou – No entanto, é de elogiar a força de vontade da tua mãe em continuar a trabalhar e também em comparecer todos os sábados à sinagoga.

- Maldita a pessoa que lhe tirasse isso. A fé é o que ela tem de mais sagrado – a idosa abana a cabeça em concordância.

- Quando sentimos a vida a desvanecer em frente dos nossos olhos, a fé torna-se na única coisa que nos impede de adormecer na morte.

E foi com aquela frase que Margalit se despediu e retornou novamente ao seu lar.

Ao chegar a casa, encontra a sua mãe a dobrar uns lençóis. Antes de avançar para junto da mãe, pousou o saco com a fruta que aproveitou para comprar numa mercearia da esquina.

- Mãe, quantas vezes tenho de lhe dizer para não se esforçar! O médico disse que tinha de repousar e... - a mãe interrompe-lhe.

Eu sei, eu sei. Sobretudo no shabat. Mas torna-se aborrecido ficar sentada na cama o dia todo. Nem hipóteses tenho de ir durante a semana à sinagoga para ouvir o rabino ler alguns excertos do Torá – suspirou.

Ela pediu para a mãe sentar e terminou de dobrar os lençóis que faltavam. Após ter terminado, começou a preparar o jantar para depois irem à cerimónia do shabat. Claro que Margalit ainda pensou duas vezes antes de deixá-la acompanhar-lhe, no entanto, ela compreendia o ponto de vista da mãe e conhecendo-a, sabia que era frustrante estar numa situação sem qualquer qualidade de vida e saber que estava inabilitada para fazer seja o que fosse.

...


N/A: Hey! Esta é a minha primeira história e é provável que os capítulos não estejam bem escritos ou interessantes.  Além disso, alguma das informações presentes podem não estar exatamente corretas. No entanto, isto é uma ficção e vem tudo do fruto da minha imaginação.

:)

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