Perene Mal (Suspense)

Laurine Balcarová

                                                                                    -2016-

Laurine observa seu reflexo no espelho, vestida num biquíni azul, repara em seu corpo olhando cada detalhe.

  —Eu deveria fazer algumas abdominais pra ver se minha barriga fica mais lisa. –comenta com Betina, sua melhor amiga de infância.

Betina está deitada na cama de Laurine, olhando o celular.

Ao ouvir o comentário da amiga, retruca:

  —Você está maravilhosa, não acho que seja necessário que de abdominais, seu abdômen é bonito e todo perfeitinho. —joga o celular para o lado e se senta na cama para observar a amiga.

Laurine mexe algumas vezes em seus cabelos castanhos, os coloca para cima e solta, fazendo cair levemente sobre seus ombros. Bufa, encolhendo os ombros, expressando cansaço.

  —Não consigo acreditar que hoje é o nosso último dia de férias. —começa a andar pelo quarto procurando por algo.

  —Pense pelo lado bom, vai ver o Antonie todos os dias novamente! —comenta Betina, animando-a.

Ela sorri, pegando o vestido de renda que sempre usa para ir à praia, e sua bolsa grande e floral.

  —Vamos? —se vira para Betina, que por sua vez ascende e pula da cama para acompanhar a amiga.

                                                                               † † †

As duas caminham pela praia procurando um local para se acomodarem.

  —Lou deve estar chegando de Paris no fim da tarde. —cita Bet.

Louis, ou Lou, como elas o chamam, é o melhor amigo das meninas, elas o conhecem há um ano e meio, quando ele se mudou para a cidade. Ele veio de Paris, e assim que chegou Louis se aproximou de Bet e Lau.

  —Ele me falou ontem pela noite, disse que estava trazendo umas coisinhas para as melhores amigas dele. —Lau diz um tanto animada.

Antes que a amiga dissesse qualquer coisa mais sobre o assunto, ela fala rapidamente.

  —Ali no quiosque não é o Antonie? –não disfarça sua euforia.

Betina reage de forma indiferente, dizendo:

  —Não trouxe meus óculos e minha miopia não me deixa enxergar. —dá de ombros.

Laurine parece ignorar, e continua andando para mais perto de Antonie.

  —É ele mesmo, aquele ali, segurando a prancha. —indica apontando.

  —Sério que ele veio surfar aqui? Não tem nem ondas descentes pra isso. —resmunga Betina.

Mas a apaixonada parece não escutá-la.

Ela o observa sair do quiosque com uma garrafinha de água, e partir para a areia, colocando sua prancha de surf estendida no chão e sentando em cima dela.

Bem próximas dele, pelo menos o suficiente para Bet conseguir enxergá-lo, Laurine decide que irão ficar ali mesmo. Um lugar pouco movimentado, porém, com um quiosque por perto, para a Betina parecia seguro, e para Laurine era o local perfeito para observar seu amor platônico.

  Ao observar as duas amigas deitadas pegando sol, é fácil notar suas diferenças. Lau parecia uma boneca de porcelana de tão branca, seu corpo era magro, porém muito atraente, assim como seu rosto, no formato oval, suas bochechas carregam algumas sardas, seus olhos eram grandes e verdes mesclados, sua boca sempre se destacava por estar sempre avermelhada naturalmente, seus cabelos são longos e lisos com grandes cachos nas pontas. Já Betina, era bem mais magra, quase esquelética, não era à toa o diagnóstico de anorexia havia sido dado há alguns meses atrás, mas já fazia um tempo que ela estava se recuperando e se alimentando como deve. Bet é loira por natureza, e seu cabelo é cacheado, mas ela não cuida muito dele, sempre o deixa preso ou trançado, seus olhos são castanhos mel, e escondidos pelos óculos que tiram o brilho de seu olhar, ela também tem sardas, e são bem mais visíveis que as de sua amiga. Laurine e Betina se conhecem e são amigas desde pequenas, mesmo com algumas ideias divergentes, elas sempre colocaram a amizade a frente de qualquer pensamento, seja político ou social.

Todo esse mi-mi-mi parece não ter nada a ver com uma história de terror, mas pode acreditar, uma garota normal como Laurine, até mesmo como você, garoto ou garota, pode ter uma longa história por trás, a qual nunca foi nem se quer mencionada por seus pais.

                                                                                † † †