Oradour-sur-glane

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Religiosos costumam afirmar que toda família carrega um mal hereditário, umas tem alcoólatras, outras tem adúlteros, e até corruptos. Mas a grande questão é, quando isso começa? A partir de quem esse mal hereditário começou? Na família de Laurine, claramente se trata de câncer no pulmão, seus familiares de parte de pai, todos morreram de câncer no pulmão, bom, até onde ela sabe... A Família Balcarová, tanto seu pai, quanto seu avô, morrem da mesma forma, presos em um câncer que parecia não ter cura. Os antecedentes a eles, não eram conhecidos pela família, pois o avô de Laurine não soubera quem eram seus pais. Mas, isso seria um mal hereditário ou uma maldição rogada aos Balcarovás? 

  Laurine, dentro do carro de Pierre, pesquisa sobre Oradour-sur-glane em seu celular, ela vê que a cidade é um museu a céu aberto, de um vilarejo com poucos habitantes que foi atacado por um batalhão nazista sem rezão alguma. As mulheres foram queimadas na igreja, e os homens foram baleados em um celeiro. 

"O Massacre de Oradour-sur-Glane foi resultado de um ataque da Terceira Companhia do Primeiro Batalhão de Regimento Der Führer, da SS Division Das Reich das Waffen-SS contra a população indefesa, em 10 de junho de 1944, da comunidade francesa de Oradour-sur-Glane, na aldeia de Haute-Vienne, localizada cerca de vinte quilômetros a noroeste de Limoges. O massacre gerou 642 assassinados: o maior massacre de civis cometidos na França pelos exércitos alemães, contabilizando 190 homens metralhados, 245 mulheres e 207 crianças metralhadas e queimadas na igreja, quase toda a população viu a maior parte dos seus edifícios destruídos, deixando a comunidade em ruínas." —lia freneticamente, sentindo como se tudo aquilo lhe fosse muito familiar. 

 —Betina veio falar comigo. —diz Pierre, desprendendo a atenção de Laurine, que agora, curiosa com o que Pierre iria falar.

 —O que ela disse?—pergunta de imediato. 

 —Ela veio me atacando, perguntando se eu havia te dado drogas, me culpando por você ter desmaiado hoje. Ela paticamente gritou para o colégio todo que eu e o Tony tínhamos te dado drogas e bebidas fortes. —dizia intrigado. 

 —Ela não perguntou sobre mim? 

 —Na verdade, não, ela nem quis entrar na enfermaria, disse que você tinha que aprender a assumir as consequências de seus erros sozinha. —Pie engole seco, e parece ter dó de Laurine por isso. 

Laurine segura o choro, tentando não parecer tão sentimental, mas que tipo de amiga era Betina? A abandona quando a amiga mais precisa, e daí que ela errou? Não é hora para deixá-la de lado. 

Pierre estica sua mão esquerda, mantendo a direita no volante, e segura a mão de Laurine, acariciando a. 

—Acredite, você vai ficar bem sem ela. —tenta confortá-la. 

O viagem prossegue, Laurine se esquece um pouco de tudo que acabou de ler em seu celular, e agora ri, com algumas coisas que Pierre diz para animá-la, ele era bom nisso, bom em levantar seu astral. 

  —Por que a gente nunca conversou antes? —pergunta Laurine findando o riso, sem esperar respostas. 

 —Talvez porquê você estava olhando demais para Tony, e não me notou. —diz, dando de ombros. 

A garota morde o lábio sem graça, ela não esperava por isso. Um silêncio perturbador pairou no carro, eles não trocaram mais nenhuma palavra dali até a casa de Laurine. 

 Pierre para o carro, já em frente a casa de Lau, solta todo ar sem seus pulmões e se prepara pra dizer algo. 

 —Eu não deveria ter dito aquilo, me desculpe. —diz olhando fixamente para ela. 

Perene Mal (Suspense)Onde histórias criam vida. Descubra agora