Primeiro dia de aula

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Laurine não faz a mínima ideia de como veio parar em sua cama, em seu quarto, dentro de sua casa. Ela acorda com o som alto do despertador, tudo em volta parece meio embaçado até que ela consiga abrir os olhos por completo. Passa a mão por seu corpo, e sente que está vestida com uma de suas roupas de dormir.

"O que aconteceu ontem?" —se pergunta.

Sua porta está totalmente aberta, e sente o cheiro de ovos fritos vindo da cozinha, no térreo da casa.

O quarto de Laurine é o maior e o mais aconchegante da casa, a visão de sua janela dá para a rua, uma bagunça de cores que se encaixavam na bagunça da decoração, vários desenhos feito por Louis pendurados nas paredes, alguns textos impressos de Betina, e fotos deles três no moral perto da escrivaninha que fica abaixo da janela. Toda a casa era muito simples, mediana e feita quase toda de madeira, estava quase sendo entregue aos cupins, mas sua mãe lutava para deixá-la em ordem e em perfeito estado.

Laurine desce as escadas, que resultava na sala, ainda sonolenta. Anda até a cozinha, onde pode ouvir sua mãe mexer nas panelas.

Ao entrar no cômodo, Janete, a olha furiosa, porém, continua os afazeres do café da manhã. Por algum tempo, só se ouvia os barulhos causados por Janete enquanto cozinhava. Era tudo muito inquietante para a garota, ver sua mãe ali, a ignorando, sem ao menos um "bom dia", dava-lhe nos nervos.

 —Não vai dizer nada? —pergunta a filha, já impaciente.

Janete se vira em sua direção.

 —O que quer que eu diga, Laurine? —ainda parece furiosa. —Você sai com os amigos, bebe até não poder mais, volta nos braços de um desconhecido, falando coisas que ninguém entende e ainda quer que eu te dê alguma atenção ou credibilidade? —falava quase sem ar algum. —Não podemos ter uma conversa sensata agora, porque o que você fez foi decepcionante demais.—voltou ao fogão, para virar as panquecas. —Coma e se arrume para ir ao colégio, ressaca não é desculpa para faltar aula. —conclui ríspida.

Laurine se mantêm calada o restante do tempo, assim comeu, se arrumou, e saiu em direção ao ponto onde esperava a condução que a leva diariamente ao seu colégio. Esperava encontrar Betina ali, como de rotina, mas sua amiga não estava. Parte sozinha, pela primeira vez todos esses anos.

Ao chegar naquele ambiente muito conhecido por si, sente que está propensa a constrangimentos, principalmente vindos de Betina, ela procura comunicar se pouco com as
pessoas à sua volta. Caminha, evitando trocar olhares com quem passa por ela, indo em direção à sua sala. Mas antes que chegasse na entrada, sente uma mão pousar em seu ombro esquerdo. Ao olhar para trás, pode ver os olhos de Pierre aparentemente preocupados.

 —Você está bem? —pergunta de imediato.

 —O que acha? —responde com uma pergunta retórica, em um tom intolerante.

 —Temos que conversar sobre ontem. —fala sussurrando.

Isso deixa Laurine mais desconcertada ainda, mas ela balança a cabeça em concordância, e eles caminham para um lugar mais reservado.

A biblioteca do colégio é enorme e está vazia, falta pouco para as aulas se iniciarem, e todos provavelmente já estão em suas respectivas salas. O garoto a arrasta para um dos grande corredores de livros. E quando finalmente estão sozinhos e confortáveis, ele a olha e a abraça muito forte, tão forte que Laurine sente seus pés saírem do chão.

 —Tive muito medo de que algo ruim te acontecesse. —diz ainda a apertando.

Ele a solta lentamente, e ela continua em silêncio, sem expressar qualquer reação além de um pequeno espanto.

Perene Mal (Suspense)Onde histórias criam vida. Descubra agora