Massacre

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-1944-


A brisa pairava úmida no vilarejo de Oradour-Sur-Glane, a chegada do verão estava próxima, e as temperaturas estavam começando a aumentar. O clima era agradável, porém, a cidade não estava em clima de paz e serenidade. O mundo estava em guerra, não se havia paz em lugar algum do país. Muitos vinham da capital por medo de morrerem por lá, procurando o sossego dos campos, uma remota ilusão. Os moradores desse vilarejo, se viam amedrontados por uma Alemanha Nazista, não muito diferente do resto do mundo, mas aquele vilarejo tinha um motivo a mais para temer, pois uma maldição rogada há mais de duzentos anos nunca é esquecida quando se trata de pessoas supersticiosas. É verdade que a maior parte da população não se lembra de tal maldição, porém os mais antigos não deixam seus ascendentes esquecerem.

Se trata de uma jovem bruxa, que dizia que, seu corpo poderia apodrecer na terra seca, mas suas palavras contra a cidade iriam vingar todo o mal que aquele povo a causou. 


Marjorie era uma jovem de 22 anos que lutava para sair daquela cidadezinha, ela queria ir para a cidade grande, Paris. O fato de uma guerra estar acontecendo não a desanimava, muito pelo contrário, ela desejava estar lá mais do que nunca para ajudar ao seu país com mais eficiência. Na manhã de 10 de junho de 1944, Marjorie havia acordado cedo, noite passada, ela escrevera uma carta para seu amigo, Abílio, que desde a infância foi seu melhor amigo e foi chamado pelo seu país para lutar na Guerra. Pretendia enviá-la ao fim da tarde. Seus pais torciam para que Abílio voltasse e tomasse a mão da garota em casamento, pois tal já estava sendo considerada velha para casar-se, e eles tinham esperança de que o moço, que é de uma boa família, pudesse dar a linda Marjorie, uma belo lar. Visão totalmente diferente da garota. 


Assim que chega dos correios, sua mãe lhe chama para cumprir as orações diárias. Quando pequena, Marjorie não gostava de orar com sua mãe, pois não entendia os rituais que sua mãe a obrigava a participar, o que ela falava não tinha nexo em seu idioma, a verdade era que todas as orações eram feitas em Tebano, língua usada por bruxas para fazer feitiços. Depois de algum tempo, ela começou a entender e participar com mais frequência nos rituais, aprendendo vários feitiços e talismãs. 

As duas se recolhiam para os fundos da casa, para uma pequena cabana onde sua mãe costumava sacrificar animais, e por esse motivo fedia a podre. Elas acendiam incensos e oravam para Deusa Mãe. Os pedidos de Marjorie eram sempre os mesmos, luz e saúde para si, e forçar para deixar Oradour-Sur-Glane, mas dessa vez, ela pediu algo mais, pediu para que Abílio voltasse, vivo e e sem sequelas daquela guerra cruel. Ao pronunciar o pedido em Tebano, seu coração apertou, suas mãos gelaram e se fecharam. No mesmo instante, ajoelhada em frente ao santuário, com os olhos abertos, Marjorie pôde ver, sua cidade inteira pegando fogo. Seus olhos, obrigados a ver tudo aquilo, lagrimejavam sem parar. Tudo o que ela via, era fogo, pessoas carbonizadas, mortas. 

Seu corpo vai de encontro ao chão, caindo para o lado esquerdo. Finalmente, quando consegue fechar os olhos, ela vê uma menina, sua pele é branca, seus olhos são verdes e seus cabelos são negros.

  —Laurine. —entoa. 

Seus olhos abrem e todo seu fôlego é tomado. 

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⏰ Última atualização: Oct 02, 2019 ⏰

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Perene Mal (Suspense)Onde histórias criam vida. Descubra agora