Capítulo 1

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O Clube

– Senhor Waldorf?

Abri os olhos para me deparar com o ambiente escuro da limusine e o olhar especulativo do motorista.

– Chegamos senhor.

Passei os dedos por meus cabelos meio atordoado por ter adormecido. Um olhar para o relógio de ouro em meu pulso, me fez perceber que havíamos demorado mais de uma hora. Não era de se espantar que eu tivesse pegado no sono. Havia passado as últimas 72 horas dentro de aviões ou em escalas intermináveis até chegar em Nova York.

Porém, naquele momento, olhando em volta a paisagem em nada se assemelhava a Nova York, com seus arranha-céus, iluminação e sons.

Onde diabos estávamos?

Não havia barulho. Nem luz.

Apenas um grande portão de ferro imponente se abrindo para as luzes do farol alto do carro. Parecia que estávamos em uma área residencial exclusiva.

Indaguei-me o que aconteceria agora. Será que havia errado o endereço?

Me parecia impossível. Tanto o motorista quanto a limusine pertenciam a eles. Bastara um telefonema para o número que estava no cartão carmim, para me informarem que um carro me buscaria naquela noite, no local que eu determinasse.

Minhas mãos foram automaticamente para o cartão que permanecia em meu bolso. Havia ficado esquecido por muitos dias, talvez semanas.

Minha mente viajou até a tarde em que foi colocado em minhas mãos.

Eu era um dos diretores da Waldorf & Co, a empresa familiar fundada por meu avô, na década de 50, perpetuada por meu pai, e agora gerida por mim e meu irmão, Matthew. Embora não tínhamos chegado aos 30 anos, já era notório nosso faro para fazer dinheiro, duplicando em poucos anos, o patrimônio da família. Matthew era o CEO, e eu, responsável pelos negócios internacionais, o que significava que estava constantemente viajando pelo mundo.

E foi na Itália que Santino Salvatore me brindou com aquele cartão. Seus lábios, de uma beleza cruel, se distendiam num sorriso quase perverso enquanto ele acendia um charuto e me oferecia um. O charuto, eu recusei, não fazia meu estilo. O cartão eu apanhei, curioso.

– O que é isto?

– Algo que somente alguns saberiam apreciar.

Olhei novamente para o cartão virando-o de um lado para o outro. Era vermelho sangue. E havia apenas um número de telefone.

– Acho que não entendi. – Insisti.

– Entenderá quando se sentir impelido a ligar. – O sorriso do magnata se alargou em meio à fumaça fedorenta do charuto cubano.

Com seus cabelos grisalhos, pele oliva e olhos verdes escuros que pareciam conhecer todos os segredos do mundo, Salvatore era um homem forte e atraente. Sua idade era indefinida, girando em torno de algo entre os trinta e quarenta anos. Assim como os Waldorf nos Estados Unidos, os Salvatore tinham uma infinidade de negócios que ultrapassava as fronteiras italianas.

Nem todos estes negócios eram legais, o que me fizera pensar duas vezes antes de associar a Waldorf a eles. Porém, Matthew e Will insistiram que a parte na qual os Salvatore nos seriam úteis, nada tinha de escuso.

Eu passara apenas dois dias com o italiano concluindo as negociações sem obstáculo algum. Salvatore parecia tão ávido para ter um sócio americano, quanto nós estávamos em entrar no mercado italiano.

E depois da conclusão das negociações fui embora da Itália esquecendo totalmente daquele cartão.

Até aquela noite.

A Verdade Oculta - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora