Andrew
Parecia alguma cena saída de um sonho surreal.
Eu continuei parado, vendo-a sumir, minha mente dando voltas e voltas.
– Cadê a Emily? – Grace indagava alheia à minha angústia. – Vou procurá-la e avisar que você chegou.
– Quem era aquela? – Perguntei a Matthew.
– Melinda? Uma das babás.
Melinda.
Agora o rosto ganhava um nome.
Melinda...
– Por que pergunta?
Matthew parecia intrigado e agora toda a minha família me fitava.
Eu limpei a garganta. O que poderia dizer? Que a conhecia? Que a havia encontrado num clube aonde as pessoas iam para fazer sexo com estranhos?
– Você a conhece? Há quanto tempo ela trabalha com vocês?
– Melinda Kelly trabalha aqui que as crianças nasceram.
– Como Grace a conheceu?
– Acho que de alguma agência, vai ter que perguntar pra Grace...
– Ela é de confiança?
– Claro que sim, Andrew! Todas são. Temos três, você sabe cuidar de bebês não é fácil.
Um convidado se aproximou cumprimentando Matthew e meu olhar se perdeu na direção da casa.
Muito tempo havia se passado. Mas eu não havia esquecido, embora soubesse que nunca mais a veria.
E agora lá estava. A mesma garota da máscara, cuja lembrança ainda me atormentava. Era a doce e inocente babá dos meus sobrinhos.
Embora inocente com certeza não devesse se aplicar a ela. Isto eu mesmo havia comprovado. E será que ela tinha me reconhecido?
Será que ainda se lembrava? Eu precisava saber.
Eu precisava ir atrás dela. Queria confrontá-la.
Quando me levantei, fui rodeado por braços ansiosos que se fecharam a minha volta.
– Você veio!
– Oi, Emily.
Eu a abracei de volta, colocando meu objetivo de lado por um momento, simplesmente feliz por rever minha irmã.
Ela tinha apenas 21 anos e era muito mimada por todos.
– E atrasado! – Reclamou, me fitando com seus olhos azuis como os meus. Seus cabelos escuros, presos num elegante coque, tinham mechas loiras feitas cuidadosamente. E eu podia apostar que aquele bronzeado era artificial. Na nossa família, todos tinham a pele clara.
– Estou aqui, não estou?
– Sim, pelo menos isto! E já viu os bebês? Não são lindos? Já falei para o Will que quero ter iguais.
– Um de cada vez, meu amor. – Will fez uma careta, se aproximando.
Ele era um cara loiro de estatura mediana e óculos de nerd. Nós havíamos nos conhecido na faculdade e ele viera trabalhar comigo na empresa da família. E, além de se tornar um homem de confiança nos negócios, também tinha arrebatado o coração de Emily, que não sossegara até conseguir um anel no dedo.
– Vai ser do jeito que eu quiser você sabe.
– Disto não duvidamos – concordei. Minha irmã sempre teve Will na palma das mãos.
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A Verdade Oculta - Degustação
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