I - Jack é mais maluco do que eu imaginei

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Querido Diário…

Nossa, pelo cabelo rosa de Aigam, escrever isso tão estranho quanto me disseram. É tão coisa de menina. Minha irmã de dez anos escreve um diário. E ela tem dez anos.

Não sendo machista, mil perdões se você for “um Diário menina”, eu só acho isso realmente desnecessário, já que a maioria dos mundanos não vai acreditar no que vou escrever aqui, mas se a nossa querida e poderosíssima Raven manda fazermos algo (principalmente eu), é nosso dever obedecê-la. Mesmo que seja muito chato.

Enfim, estou escrevendo esse diário para contar o quanto a minha vida virou de ponta cabeça desde que me meti numa encrenca na escola e fui parar num mundo completamente diferente do que nós conhecemos. Espero que esteja pronto, porque eu não estava.

Para começar, meu nome é Logan Storms, tenho quase dezesseis anos e sou um estudante do segundo ano nada popular. Típico. Muito prazer em conhecê-lo também.

Eu me lembro como se fosse ontem o dia em que a minha vida começou a mudar. Sexta-feira, quinze de junho… foi um dia e tanto, mas primeiro preciso te deixar um pouco mais confuso, te contando o sonho que tive na noite anterior a esse dia.

Caía uma chuva de verão torrencial lá fora, era difícil chover daquele jeito em Los Angeles o que deixava as coisas ainda mais estranhas e já era bem tarde da noite quando fui dormir, já que estava meio ansioso. Logo seria o meu último dia de aula no tormento que eu  chamava de escola para que enfim começassem as férias.

Ah, é sério, eu odeio aquela escola. Corredores lotados, os professores quase nunca dão conta dos alunos, meninas muito fúteis, garotos idiotas. Era uma escola típica de filme. No caso, eu seria o personagem que fica sempre de lado, que ninguém sabe o nome e que só tem um amigo. No meu caso, esse amigo seria o Jack, o garoto mais louco daquela escola. Você logo vai entender porquê.

Voltando ao assunto, quando finalmente consegui dormir, tive
um sonho bem estranho, só que eu já estava me acostumando com  aquilo, já que era sempre o mesmo.

Começava com uma escuridão completa. Eu não enxergava
nada a um palmo do meu nariz, e de repente, depois de um grito ensurdecedor vinha uma luz tão forte e quente que, por mais que eu tentasse cerrar os olhos, ou me virar, ela ainda me cegava.

E quando a luz começava a fritar o meu cérebro, eu aparecia
em outro lugar. No céu, numa queda livre que parecia não ter fim. Lá em cima, praticamente fora da atmosfera da Terra, algo explodia violentamente enquanto eu passava pelas nuvens. O mais estranho era que eu  não sentia medo nenhum. Como se eu não estivesse despencando a centenas de quilômetros por hora direto para o mar, e sim para uma pilha de travesseiros fofos.

O mar estava cada vez mais próximo e o impacto me mataria.

Mas não matou. Eu apenas afundei, sendo envolvido pela água gelada, milhares de bolhas e alguns peixes. A falta de ar me sufocou aos poucos até eu não ver mais nada.

Quando acordava de novo, ainda estava embaixo d’água e então ela aparecia.

Como uma sereia, a garota de cabelos azuis se aproximava por
entre as bolhas. Eu nunca conseguia ver seu rosto com clareza, mas o  cabelo azul era inconfundível, mesmo submerso.

A garota me pegou pelos braços e começou a nadar em direção a superfície. Ar. Eu precisava de ar. Como eu ainda estava vivo?

Olhei para cima, a luz se aproximava, cada vez mais perto.

Luz…

Assim que me virava para encarar a garota, ver seu rosto claramente, eu simplesmente acordava com a minha mãe gritando do  lado de fora do quarto:

Império - A Lenda do HerdeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora