III - Minha irmã tem asas e Jesse é uma sirena

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Não, Diário. Não era a morte.

Ah… bem, talvez seja, mas não do jeito que você pensou.

Resumindo: eu não morri. Embora, conforme as normas que sigo hoje em dia, uma explosão como aquela seja perigoso num lugar com muitos mundanos, pois poderia fritar o seu cérebro e até o meu.

Pois é.

Mas como naquele dia, eu não fazia ideia do que estava acontecendo, não houve consequências muito graves.

Enfim, eu acordei com um grito:

— LOGAN!

Eu me levantei tão rápido que senti tudo rodar.

Jack estava na minha frente, tentando desesperadamente me manter de pé.

— Logan, o que você fez? Se concentra na minha voz e tenta não morrer, pelo amor dos deuses.

Deuses...

— Eu estou bem, relaxa — me livrei do apoio dele, tentando focar minha visão.

A sala parecia ter sido explodida (e realmente foi o que aconteceu). Havia um buraco enorme no teto e no chão perto de onde eu estava. Dava para ver a quadra esportiva lá embaixo. As paredes estavam queimadas em vários pontos, a escrivaninha, que antes ficava no centro da sala agora estava partida ao meio, jogada em dois cantos da sala. Havia papel misturado à estilhaços de vidro em todo lugar, estantes estavam no chão, exalando fumaça e um cheiro de queimado que era quase insuportável.

— O que aconteceu aqui? — Perguntei.

— Eu também queria saber — disse Jack, impressionado com tamanha destruição. — Você não se lembra?

— Me lembro de pouca coisa — eu disse —, a Jesse me trouxe até aqui e começou a falar umas coisas muito estranhas com o Kyle. Do tipo, semimperianos, Sangue do Império… eu não estava entendendo nada. Então ele disse para eu mostrar para ele quem eu realmente era, depois pegou isso — peguei a esfera de galhos e mostrei para Jack. Os olhos dele se arregalaram tanto que pensei que iam saltar das órbitas — e jogou no chão. A Sarah saiu daí de dentro, por mais estranho que seja e eu sei que não estou louco. Ele jogou a Sarah no chão de novo e quando eu a peguei, ela se transformou nessa coisa estranha de novo. Então eu meio que perdi o controle e tudo o que eu vi foi um clarão, um vulto e eu desmaiei, eu acho. Pensei que fosse tudo coisa da minha cabeça, mas a julgar pelo estado dessa sala…

— Ah, eu sabia — Jack me encarou. — Guarde bem esse casulo, Logan. Vamos precisar disso mais tarde. Agora me escute bem. Tudo o que Kyle disse é verdade, por mais estranho que seja, existem deuses, monstros e tudo mais. Ele é um monstro. Um gigante, mais especificamente. O vulto que você viu era a Raven, uma amiga minha e ela veio para ajudar a gente.

— Isso tem a ver com a sua mãe?
mas…

— Ah… digamos que tem a ver com a minha família materna.

Uma explosão abaixo de nós fez a escola tremer. Uma nuvem de poeira começou a subir pelo buraco que havia sido aberto no chão. O alarme de incêndio começou a soar no corredor e logo a gritaria dos alunos começou.

— Droga, Jack! O que foi isso? — Perguntei, tapando os ouvidos. Meus sentidos estavam mais aguçados do que nunca. — O Kyle? Onde ele está?

— Ah, isso com certeza foi a Raven — disse Jack, se aproxi- mando do buraco no chão. — Vamos. Temos que descer para ajudá-la.

— O quê? — Quase gritei. — Por aí? E como vamos ajudá-la?

— Se a gente for pelo corredor nós vamos ser pisoteados! É só pular. Eu te espero lá embaixo!

Império - A Lenda do HerdeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora