A minha mente é suicídio falhado e ridículo.
Penso, penso, penso.
Quanto mais penso, menos quero
Parar de pensar.Tenho camadas.
Quanto mais desço, mais me torturo.
Se continuo, lentamente me mato.
Insanamente me consumo.
Tetricamente me apago.Tenho ciclos. Fases.
Umas negras, outras piores.
E quando aclaram,
Estou doente.Quanto mais deprimido ando,
Mais deprimido quero rastejar.
Sou masoquista.
Venero a dor existencial que sinto.
O vazio carrasco e pesado que cai com o crepúsculo.
Que cai com a minha respiração,
Toda a vez que duvido da minha existência.Toda a vez que duvido da realidade,
Deixo-me no Mundo apenas como memória
E eu adoro.Não sofro como eles.
Fome não há porque não me alimento.
Sono não o sei. Também não durmo.
Não me doí. Não me sinto.E quando quero fechar os olhos,
Só me resta apagar a luz.
Já não se fecham.
Nunca fecharam.Vigília.
Quanta mais consciência tenho de mim,
Mais me perco,
Mais me desprendo,
Mais me disperso.Fluidos mentais que matam
Deus.
Matam neurónios, matam o cérebro.
Dispersam o sangue,
Racham ossos,
Rasgam pele,
Traçam tendões,
Prendem músculos,
Cegam,
Estrangulam,
Sufocam.Carlos Reis