Volo Ad Somnum

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Esta madrugada, vou dormir Carlos.
Vou dormir Carlos com um pesado sono a Damien.
Vou dormir Carlos sofrendo,
Muito mais do que sofre o Carlos.

Esta madrugada, pesa-me a cabeça.
Pesa-me Carlos e pesa-me a alma,
Tanto que me pesa Damien.
Pesa-me a vida e a vida vejo-a a sair num soluço.

Ai, que tédio, meus senhores.
Deixai-me em paz, deixai-me dormir!
Não quero mais ver tais futilidades.
Essas futilidades, todas essas futilidades!
Irritam!

Que mal fiz eu a esse Eletrão que comanda o universo?
Causa-efeito que me pesa,
Que me pesa a cabeça,
Que me pesa Carlos, porque me pesa Damien.

Meu Deus. Meu Deus.
Dai-me forças. Saturado disto estou.
A minha cabeça, a minha cabeça... Está partida.
Está dorida.
Esta madrugada engole-me a cama
E deixo escapar um bocejo do tamanho de tudo o que não gosto.
Esta noite está tudo ainda mais preto,
Tudo ainda mais ensurdecedor,
Tudo muito mais pesado.
Ai, os meus ouvidos!

Mas afinal, não percebo.
Sou eu o pesado,
Ou são as coisas?
Vou perguntar ao Damien,
Ou vou perguntar ao Carlos?
Bem, acho que vou perguntar ao Damien,
E depois perguntar ao Carlos.
Ou aos dois ao mesmo tempo.
Volo ad somnum.

Carlos Reis

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