Quando o que resta é a consciência de que entre muitos,
Sou poucos deles ou nenhum,
Continuar a falar é deixar-me levar por cultos,
Que me multiplicam e que me retiram o poder de ser sozinho um.E quando a mim igual e diferente me aparece, à frente,
Quem seja mudo e mo ensine, sem me deixar ir, deixando-me ir,
Desfaço-me por uma mão masturbando a minha mente,
E as palavras deixam de existir.Porque, no fundo, as palavras, contigo,
Anjo meu deitado na cama,
Deixam de ter qualquer sentido.
E porque os lábios frios de uma estátua,
São derretidos pelo poder de uma chama que me queima memórias e qualquer olhar antigo.É um fogo que arde,
Destrói, magoa.
Silencioso, invisível, imóvel, movendo-se,
À toa.E porque cada centímetro que vagueio,
Para caminho diferente teu,
Me escorre pelas costas a marca temporal do desgaste que fez todo o universo ser meu.E eu, apagado, te ando, te respiro,
Te vivo, sentindo todo nosso e todo deles,
Segundo, inexistente e ridículo,
Amado.