Capítulo II

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Em um campo aberto, sobre um morro, Sofia e Lídia estavam deitadas. Sofia foi a primeira a se levantar e começou a observar o local. Lídia, reclamando das pinicadas do capim, juntou-se a sua irmã mais velha para mirar o ambiente, e, boquiaberta, tomou um susto, perguntando-se com agitação onde foram parar.

Sofia, por outro lado, tinha os olhos brilhantes e um sorriso bobo na face. Ela desconfiava saber onde as duas se encontravam, e não podia mentir: a ideia lhe agradava. Mesmo pensando na loucura, não pôde evitar de demonstrar contentamento pela situação.

─ Sofia! Sofia! Sofia! ─ gritava histericamente Lídia. ─ Cadê o sebo? Cadê os livros? Meu Deus, onde estamos? Onde estamos?

─ Lídia, acalme-se, por favor ─ pediu a outra. ─ Parece insano, mas acho que o livro nos trouxe para a sua história.

─ Como é? Não pode estar falando sério!

─ Então qual a sua teoria, Einstein?

─ Acho que estou dormindo e vou acordar a qualquer momento. É só um sonho.

─ Lídia, não é um sonho. Em sonhos a gente não tem noção que está sonhando.

─ Às vezes acontece.

─ Lídia, estamos dentro de uma história.

Lídia começou a andar de um lado para o outro, estudando todo o cenário a sua volta, tentando entender e absorver a ideia. Ainda teimava tratar apenas de um sonho, talvez estimulado pelo livro que sua professora a obrigou a ler. Sofia, a fim de convencê-la de que não era um sonho, deu-lhe um puxão no cabelo, fazendo a irmã dar um grito de dor. Irritada, Lídia vingou-se da irmã na mesma moeda.

─ Nossa, Lídia, como você é infantil ─ repreendeu Sofia, massageando o local dolorido.

─ Você começou!

Relembrando os últimos acontecimentos, Lídia lembrou-se da teimosia da irmã em querer ficar com o livro, quando ela havia dito para deixá-lo no sebo. Recordando-se disso, começou a vociferar com a mais velha, acusando-a de ser a culpada por estarem ali.

─ Eu disse que aquele livro era esquisito, mas você, cabeçuda, não me escutou!

─ Pelo amor de Deus, Lídia, como eu poderia imaginar que algo assim pudesse acontecer?

─ O que custava ter me escutado, hein? Mas nããão! A idiota da minha irmã queria mais um livro mofado pra sua coleção de nerd!

─ Cala a boca, Lídia!

─ Cala a boca você, sua tosca!

A discussão das irmãs foi do nível de xingamentos tolos e desceu para o nível de uma começar a jogar terra e grama na outra. Lídia, um pouco mais temperamental, queria jogar Sofia na grama para poder estapeá-la rolando no chão, porém Sofia, esperta, desviava das tentativas da caçula, até, por fim, conseguir segurá-la e pedir para se acalmar.

─ Respira, Lídia ─ pediu, soltando com cautela a outra. ─ Não adianta nada a gente ficar brigando. Temos que encontrar um jeito de sair daqui.

─ E como a gente vai fazer isso?

Sofia começou a raciocinar e, de súbito, lembrou-se do poema da última página do livro.

─ O poema dizia algo sobre a gente viajar na história, lembra?

─ Lembro, e daí?

─ E daí que o resto do poema era algo sobre voltar para casa depois que o livro fosse encontrado.

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