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Enquanto Sofia passava suas manhãs e tardes ao lado do Sr. Stone, Lídia viu-se obrigada a ter o Sr. Benjamin como companhia. A Srta. Anne, para alívio da família e amigos, melhorava significativamente, e, segundo o médico, em pouco tempo voltaria a sua rotina normal.
O Sr. Benjamin não era uma presença desagradável na mansão de Northfield Park, mas Lídia não gostava de suas investidas para tentar atraí-la. Exceto isso, ela não tinha do que reclamar. O Sr. Benjamin Stuart mostrava-se muito cortês e gentil para com todos da residência, sem artificialidade.
Em uma manhã, Lídia o encontrou escrevendo uma carta ao pai, Sr. Stuart, transmitindo notícias e garantindo seu bem estar na casa dos Austen. Assim que apareceu, o rapaz rapidamente largou a pena, levantou-se da cadeira e, em um gesto respeitoso, saudou a moça. Após isso, retorou à escrita a fim de terminá-la, de preferência, o quanto antes, para desfrutar a presença de Lídia. Esta ficou observando-o escrever. Ainda era estranho ver alguém escrevendo uma carta quando ela sabia de meios mais modernos para se comunicar com uma pessoa. Porém, de certa forma, assistir o Sr. Benjamin manusear a pena era algo agradável. Ele escrevia com calma e segurança, algo que Lídia nunca fizera. As únicas coisas que ela escrevia à mão eram as tarefas da escola, e lembrava-se o quanto isso lhe custava. Nunca enviara uma carta a ninguém, mas vendo o Sr. Benjamin dedicar-se tanto, preenchendo a frente e o verso de uma folha de papel, Lídia pensou que talvez Sofia estivesse certa: cartas eram formas mais bonitas de se expressar.
─ Pronto ─ notificou o rapaz, dobrando a carta. ─ Já terminei de escrever ao meu pai e agora posso dedicar-me inteiramente à senhoria.
Ele sorriu de um jeito que tirou a expressão sisuda de Lídia. Esse gesto deu segurança ao rapaz, o qual convidou a jovem para acompanhá-lo em uma caminhada pelo jardim. Lídia deu de ombros, e, alegando não ter nada mais importante a fazer, aceitou a proposta.
Andaram por um tempo sem falar nada. Avistaram, não muito longe, Sofia e o Sr. Stone. Percebendo a expressão de Lídia, o Sr. Benjamin Stuart notou a antipatia da garota em relação ao sobrinho dos Watson, mas deixou essa conclusão para si mesmo. Entretanto, Lídia pôs-se a perguntar:
─ Você conhece bem o Sr. Stone? Quero dizer: ele é de confiança?
─ Compreendo o teor desta pergunta ─ assegurou o Sr. Benjamin. ─ Sua irmã e o Sr. Stone estão cada vez mais próximos; entendo sua preocupação. Mas, infelizmente, não tenho muito conhecimento sobre o rapaz. O pouco que sei é de sua origem humilde, mas a família é muito respeitada em Bath. O Sr. Stone e eu não somos próximos, contudo, as poucas conversas que tive com ele, deu-me a sensação de ser um rapaz muito sério e distinto.
─ Mas acha que posso confiar nele? ─ insistiu Lídia.
─ Acho que a senhorita deveria conhecê-lo melhor, dar a oportunidade para que ele possa se apresentar adequadamente ─ sorriu o Sr. Benjamin. ─ Como disse, não o conheço muito bem, e sou um homem que detesta fazer julgamentos precipitados.
─ Você é muito legal, Ben. Eu posso te chamar de Ben? ─ indagou, recebendo um caloroso olhar do rapaz. ─ É que é muito estranho chamá-lo de senhor Benjamin. Parece que estou conversando com um velho.
─ A senhorita quer me chamar pela abreviatura de meu nome de batismo? ─ sorriu. ─ Isso significa que temos mais intimidade agora?
─ É ─ respondeu Lídia, confusa. ─ Acho que sim. Você também não precisa me chamar de senhorita Lídia. Só Lídia está bom! Somos amigos, não somos?
─ Sim, tenho a sorte de ter a sua amizade, doce Lídia.
─ Então está resolvido! Eu te chamo de Ben; você me chama de Lídia. Assim a gente acaba com essa frescura toda!
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A Vida em um Romance
Historical FictionSofia e Lídia são irmãs, e, um dia, quando visitam um sebo, acabam encontrando um livro mágico que as transportam para dentro de um romance de época britânico. Enquanto elas não encontram uma maneira de voltar para casa, vivenciam os costumes ingles...