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No dia em que Sofia e Lídia tiveram sua primeira noite de sono na história, a caçula viu-se em uma situação delicada. Até o momento, ela conseguira segurar ─ principalmente por conta das dificuldades de se usar um vestido longo ─ a vontade de ir ao banheiro. Contudo, a chegada da hora de dormir, Lídia percebeu que não havia exatamente um banheiro.
─ Um penico? ─ indignou-se. ─ Vou ter que usar um penico?
─ Bem, não é um penico qualquer, Lídia ─ riu Sofia. ─ É de porcelana, olha só.
─ E onde eu vou jogar o que eu fizer lá dentro? ─ irritou-se. ─ Meu Deus! E o número dois?
─ As empregadas são as encarregadas de jogar fora ─ explicou a mais velha, divertindo-se com o terror estampado na face da irmã. ─ Não se preocupe, você vai conseguir.
─ Sofia, as empregadas vão saber quando eu vou ao banheiro? Pior! Vão saber quando eu fiz o número dois? ─ Lídia estava realmente preocupada. ─ Mano, já to vendo que vou ficar entupida aqui. Não vou conseguir.
─ Ah, qualquer coisa vá fazer no mato. ─ Sofia começou a rir descontroladamente.
─ É? E pegar as folhas para limpar o meu...
─ Lídia! ─ interrompeu Sofia. ─ Por favor, evite os palavrões aqui, tudo bem? É preferível que você evite as gírias também, mas, em especial, os palavrões. Nunca, em hipótese alguma, diga palavrão aqui.
─ Não posso falar gírias, não posso falar palavrões, não posso fazer cocô em paz... Estou de saco cheio desse lugar!
─ Amanhã bem cedo retornaremos à busca do livro na biblioteca.
─ Não muito cedo, por favor. Detesto acordar cedo.
─ Enquanto estiver aqui, florzinha, vai ter que se acostumar a dormir e acordar cedo ─ disse Sofia.
─ Mais uma coisa pra lista "Eu Odeio Estar Aqui".
Lídia continuou a falar sobre o livro e confessou seu temor de não conseguirem encontrá-lo. Além disso, preocupava-se com os pais. O que será que eles estavam pensando sobre o sumiço das meninas? Será que teriam chamado a polícia?
─ Acredito que ─ comentou Sofia, pensativa. ─, assim que voltarmos para casa, voltaremos exatamente no mesmo lugar e na mesma hora em que saímos de lá. Tenho quase certeza de que nossos pais não vão notar nossa ausência.
─ Tomara. Não quero ficar mais uma vez de castigo.
─ Eu fico preocupada em deixá-los preocupados ─ suspirou Sofia. ─ Não quero que eles pensem que aconteceu algo horrível com a gente.
─ Mas aconteceu!
─ Não seja exagerada, Lídia.
As duas continuaram a conversar por mais algum tempo. Apesar do cansaço do dia, estavam elétricas. Lídia começou a provocar a irmã a respeito do, como ela gostava de se dirigir ao Sr. Thomas Stone, Ken Humano. Sofia, de fato, encantou-se pelo rapaz. Começou a elogiá-lo, afirmando o quanto ele era gentil e cortês. De tanto enaltecê-lo, conseguiu com que Lídia encontrasse o sono e dormisse pesadamente, dando alguns roncos exaustos. Sofia ainda demorou um pouco mais para pegar no sono, fantasiando com a imagem do perfeito cavalheiro que tivera o prazer de conhecer.
Na manhã seguinte, antes mesmo do café da manhã, as irmãs foram à biblioteca terminar de procurar o livro mágico nas prateleiras. Infelizmente, a busca fora em vão. Olharam livro por livro, porém nada de achar o que queriam.
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A Vida em um Romance
Historical FictionSofia e Lídia são irmãs, e, um dia, quando visitam um sebo, acabam encontrando um livro mágico que as transportam para dentro de um romance de época britânico. Enquanto elas não encontram uma maneira de voltar para casa, vivenciam os costumes ingles...