Capítulo X

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Em uma manhã de Sábado ─ dia ensolarado e de céu limpo ─, o Sr. Austen, o Sr. Watson e o Sr. Stone resolveram utilizar os campos da propriedade de Northfield Park para praticar a caça. Sofia e Lídia ficaram encarregadas de fazer as honras à visita da Sra. e da Srta. Watson, conversando com mãe e filha na sala aconchegante.

Após o ocorrido no baile, o Sr. Benjamin fora embora o mais rápido possível, voltando a Londres. Lídia entristecia-se sempre quando recordava do rosto magoado do jovem Ben e percebeu que sentia a falta dele. Por mais que seu racional dissesse que Benjamin ─ assim como os outros ─ não existia, Lídia lamentava saber que o havia decepcionado. Odiaria voltar para casa sem o perdão de Benjamin.

Anne tomara um aspecto muito melhor após sua recuperação. Estava mais corada e seus olhos tinham um brilho muito maior. Mostrou-se mais alegre do que antes, e isso se devia ao fato de ter conhecido o Sr. Potter, como a Sra. Watson fez questão de explicar.

─ Minha querida Anne não consegue falar em outra pessoa a não ser o Sr. Potter ─ riu a mulher. ─ É Sr. Potter para lá, é Sr. Potter para cá. Ele, sempre que tem um tempo disponível, vai nos visitar. Ou melhor: visitar minha doce Anne.

A jovem deu sua risadinha, enrubescendo diante do comentário da mãe. Apesar de ter ficado vermelha, não demonstrou descontentamento por sua privacidade ser divulgada tão abertamente. Afinal, Sofia e Lídia eram suas amigas, então não tinha motivo para se envergonhar perante elas. E, além disso, gostava da malícia de sua mãe quando o assunto era ela e o Sr. Potter. Gostava de sonhar com seu desejado futuro marido.

Sofia, mais do que Lídia, estava alheia à conversa da Sra. Watson e de Anne. Desta vez, era Lídia que se encarregara de dialogar com as duas. A mais velha olhava constantemente à janela, tentando avistar os cavalheiros.

A questão era que, quando o Sr. Austen anunciou que iria caçar, Sofia ficou extremamente perturbada. Não suportava a ideia de animais serem mortos por conta de um fútil esporte. Inquieta, andava de um lado a outro, a todo o momento em frente à janela.

─ Querida Srta. Sofia ─ comentou a Sra. Watson. ─, daqui a pouco a senhorita vai abrir um buraco no chão de tanto ir de um lado a outro. O que a angustia? Aposto que é saudade do nosso querido Sr. Stone, acertei?

Sofia apenas sorriu e voltou a fitar lá fora. Começou a roer o canto da unha. Não conseguia tirar a imagem dos animais mortos em sua mente. E tudo isso para quê? Só para o prazer desses homens que não tinham mais o que fazer em suas vidas monótonas. Sofia deu-se conta, então, que já estava cansada daquele lugar, daquela época, daqueles costumes.

─ Que tal a gente procurar os cavalheiros? ─ sugeriu. ─ Não devem estar muito longe da residência.

─ Procurá-los? ─ indagou a Sra. Watson, incrédula. ─ Querida, não podemos nos misturar com os cavalheiros na hora da caça. Eles não vão gostar e devem estar muito longe daqui. É capaz de nos perdermos na busca.

─ Então, vamos dar um passeio pelo jardim? ─ insistiu Sofia, pedindo à Lídia, com o olhar, que a apoiasse.

─ Acho uma boa ideia ─ concordou a caçula, entendendo a mensagem da mais velha. ─ Vamos!

─ Vão vocês três ─ falou a velha senhora. ─ Não estou muito disposta a caminhar, canso-me com facilidade. Prefiro ficar aqui, continuando o meu bordado.

Assim que saíram, Lídia sussurrou à irmã, perguntando o que estava acontecendo. Sofia explicou, rapidamente, que queria tentar impedir a caça, se ainda desse tempo. Anne, distante da conversa, ia seguir um caminho florido do jardim de Northfield Park, mas foi impedida por Sofia.

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