4º Capítulo

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30 de março

Ah, Março! É um bom mês, especialmente porque hoje faço anos. Vinte e dois anos para ser mais precisa. Apesar de ainda ser de manhã, ainda ninguém, tirando os meus pais, me tivera dado os parabéns. Secalhar esqueceram-se. Em fim, esquecendo um pouco a parte de que é o meu aniversário e tenho que vir trabalhar à mesma, é apenas um dia como os outros: Normal.
Gostaria imenso que, hoje, houvesse um caso para resolver! Seria a cereja no topo do bolo!
Este meu escritório torna-se cada vez mais aborrecido, já ia uma sesta! São 11 da manhã, mas whatever. A dormir no quentinho é que se está bem, não é verdade? Deito-me no sofá e tapo-me com a minha manta super quente. É nestas alturas, em que se está quase a adormecer, que uma pessoa percebe o quão bom é dormir.

(...)

- A dormir no trabalho!?

Oh shit!, fui apanhada! Agora vou ser despedida, os meus pais zangam-se e atiram-me porta fora, — sim, ainda moro com os meus pais — vou viver na rua, ser maltratada pelas pessoas! Ok, estou a exagerar bastante!

- Peço imensa desculpa! Não foi de propósito, estava com imenso sono e não aguentei mais, tive mesmo que fechar os olhos por um instante. Por favor não me despeça! - encarei a pessoa - Lou... Lou!? Seu parvalhão! Eu achava que era o Pierson!
- Quem diz que eu não vou contar?
- Não eras capaz!
- Tens razão, eu não poderia fazer tal crueldade a vosmecê! - sorri.
- És mesmo parvo! - sento-me na minha grande e confortável cadeira de cabedal preto, apoio os braços na secretária. - Por favor diz-me que há algum caso!
- Hm, não, ainda não há nada. - diz enquanto se senta na cadeira à minha frente. - Mas!, sabes quem faz anos hoje!? - sorri.
- Tu não! - riu-me.
- Parabéns! - agarra a minha mão e por detrás da suas costas faz aparecer uma rosa. - Podes juntá-la à colecção de rosas que tens do Harry...
- Mas que linda, Lou!
- Até agora só te posso dar isto, a tua prenda é demasiado grande.
- Oh, Lou! Não quero que gastes dinheiro comigo!
- Não custou nada! - sorri amorosamente.

(…)

Aff, mas que dia secante! O mais secante até agora. Não sei se é por estar calor ou por serem os meus anos ou se é por não ter nada para fazer. Vou à rua beber um café.
Dirijo-me, então, para a porta de saída do estabelecimento. Subitamente, uma mão, quente e sedosa, agarra a minha gélida mão esquerda, e, puxando-me com força, faz-me rodopiar  acabando por aterrar nos braços de um corpo igualmente quente e com cheiro a baunilha.

- Parabéns, colega! - disse abraçando-me por fim.
- Obrigada, Harry! - correspondi ao abraço.
- Tens coisas marcadas para hoje? - largou-me depois de me ter dado um beijo na testa.
- Acho que sim. Provavelmente uma festa em casa dos meus pais, com a minha família toda e o Lou.
- E eu posso ir?
- Claro! Sabes onde é, onde foi o nosso encontro.
- Ah, essa casa é dos teus pais? - ri-se.
- Sim, não gozes comigo por ainda viver com os meus pais! - fico um pouco envergonhada.
- E onde estavam eles, nesse dia?
- A passar o fim de semana fora.
- Está bem! Não precisas é de ficar vermelha. - ri-se acariciando a minha bochecha. - Vá, volta lá ao que estavas a fazer. Às sete da tarde estou em tua casa. - sorri. - Até logo!

Vejo-o a caminhar pelo estabelecimento fora, cumprimentando pessoas com um gesto de mão. Imagino-o a fazer aquilo mas em camaralenta, sexy!
Saiu e vou ao café mais perto daqui.
Entrei e pedi um dos grandes.
O ambiente parece acolhedor, apesar de estarem umas pessoas não muito amistosas a um canto.
Para meu azar, esse grupo composto por três homens, na casa dos vinte e tais/trinta, excepto um que parecia mais novo, e por duas mulheres também por volta dessas idades, repararam em mim, não paravam de olhar, pareciam estar a tirar-me as medidas. Até que um, depois de tanto me olhar de cima a baixo, se aproximou. Puxou, arrastando, o banco ao meu lado, sentou-se, apoiou os braços no balcão e ficou a observar-me, com cara de poucos amigos, enquanto eu bebia o meu café sem lhe devolver o olhar.

O novo colega de trabalhoOnde histórias criam vida. Descubra agora