Capítulo Sete

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— Onde você estava, Amelin? — A rainha questionou, ainda com os braços cruzados, fuzilando-a com o olhar.

O courtier Félix ouvia a repreensão da rainha, de cabeça baixa. Estava em um canto da parede, ao lado de algumas criadas. Sentia-se culpado por ter ajudado a princesa. Ela não deveria ter saído do castelo sozinha.

A garota estagnou na entrada do castelo, sem saber o que fazer. Naquele momento, pensou que ouviria um sermão sem fim.

— Eu só fui dar uma volta...

— Amelin, você está doente! — A rainha intensificou seu tom de voz. — Você deveria estar em sua cama, nesse exato momento, descansando e tomando seus remédios! O que deu em você? Tens noção do quanto é perigoso andar sozinha em Hammerlock?

— Eu só queria me distrair um pouco! O dia está tão bonito, só queria aproveitá-lo. É tão entediante não ter nada para fazer!

— Você tem um vasto espaço para aproveitar nesse castelo. Não conheces nem um terço da sua nova residência. Se você pelo menos tivesse conversado comigo, eu teria lhe mostrado algumas opções e, obviamente, estaria segura. Achas que eu não estou sabendo do ataque que você acabou de presenciar no Vale das Sereias?

Amelin emudeceu por alguns instantes. Estava incrédula com o que acabara de ouvir,

— Como você está sabendo? — Foi a única coisa que conseguiu pronunciar.

— Eu sei de tudo o que acontece em Hammerlock. Tenho vários informantes por todo o reino, além disso, sou sua mãe. Mães sabem de tudo e você não vai conseguir esconder nada de mim, mocinha!

— Eu não quero ficar presa nesse lugar! Será que você não entende? Eu me sinto tão... Sufocada aqui dentro! Quero voltar para a minha casa! — vociferou ela. Virou-se e subiu as escadas correndo.

— Amelin! Volte aqui agora mesmo — bradou Aurora com os olhos fechados, tentando controlar suas emoções em vão. Seu rosto avermelhou-se com a irritação e, sem perceber, liberou seus poderes pela descarga de emoção.

O tempo ensolarado se fechou com nuvens carregadas. De repente, viu-se raios múltiplos entrecortando os céus de Hammerlock, seguido por um forte trovão. Era possível escutar a pesada tempestade que caía sem parar.

A rainha fraquejou e caiu de joelhos no chão. Félix correu em sua direção para socorrê-la e solicitou para uma criada buscar água. Ele a segurou pelos braços e a colocou com cuidado em um sofá no hall do castelo.

— Majestade? Você precisa de alguma coisa? — disse ele enquanto recebia o copo solicitado e lhe entregava.

— Só preciso que a Amelin comece o seu treinamento. Eu vou descansar um pouco. Se precisar de mim, estarei em meus aposentos — Aurora bebeu um longo gole de água e, ao terminar, devolveu o copo para Félix.

— A senhora está fraca, majestade. Não faça esforços. Eu a levarei até o andar de cima, se me permitir.

— Tudo bem, Félix. Você tem razão. Leve-me, por favor.

Félix apoiou os braços da rainha em seus ombros e a levou até o andar de cima. Sentiu dificuldade em carregá-la enquanto subia os degraus da escadaria; ele quase tropeçou em um. Abriu a porta do aposento real e ajudou-a a se deitar em sua cama de casal espaçosa, onde outrora dividira com o falecido rei Otávio. Após isso, despediu-se com uma reverência e saiu, encostando a porta.

Ele foi até o quarto de Amelin e bateu levemente em sua porta.

— Vá embora. Eu quero ficar em paz — gritou Amelin.

Illuminata NaturaeOnde histórias criam vida. Descubra agora