01. The Wedding Fiasco

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O grande salão do Palmer House fora milimetricamente adornado para aquele dia, resultado de um planejamento exaustivo que se seguia desde o ano anterior, quiçá desde o nascimento da herdeira caçula dos Quinn.

O resultado não poderia ser nada menos que a perfeição se que encontrava, e se havia algo que nenhum dos quase trezentos convidados poderia negar era que Annabeth Quinn tinha um tremendo bom gosto. Pois era disso que a família de Warren Quinn era feita: bom gosto e manipulação. E apesar do sorriso encantador e dos olhos doces lhe darem toque mais inocente do mundo, Anna não era nada diferente do pai. North Side sabia que a filha do governador era mais uma riquinha maldosa atrás de um rosto bonito que tinha um talento incomum para manipular e pisar nos outros.

Contudo, nem mesmo toda sua predisposição genética ao poder a tornou imune a crise de ansiedade que a acometeu, impedindo-a de dar seu parecer sobre a decoração faraônica feita no Grand Ballroom.

Havia passado a chave no quarto que estava se trocando assim que a maquiadora e a hairstylist saíram levando consigo as madrinhas e sua mãe, não poderia tolerar mais dez segundos de bajulação sem ter que controlar o impulso de agredir fisicamente alguém.

Era possível ver a olho nu todas as suas certezas se esvaindo conforme o ponteiro dos minutos corria para fechar a hora.

Apertou os olhos frustrada por não poder se jogar na enorme cama sem correr o risco de estragar seu cabelo perfeitamente alinhado e em um urro fez o vaso em cima da cômoda ao seu lado voar ao chão para se espatifar. Não lhe trouxe nenhum conforto, mas o som de coisas quebrando evocava alguma memória de infância que a fazia se sentir menos pior.

Um casamento como aquele era sua garantia de uma vida rica e confortável para sempre, assim como a bela aliança política que traria para seu pai.

Se ela ao menos conseguisse considerar a ideia de ficar ao lado de um homem que não a amava.

Sabia perfeitamente como esse tipo de história terminava, havia crescido em um relacionamento assim. Estava acostumada a ver sua mãe sorrir e acenar, dançando conforme Warren tocava a música. Diana era o troféu valioso na prateleira mais alta que jamais receberia a mesma atenção e disposição que fornecia. Ela era só um artifício do sonho americano e Anna sentia que traçava seu caminho na mesma direção.

— Dez minutos! — a voz da cerimonialista reverberou pela porta fazendo ondas de gelo se espalhar por seu corpo por conta do nervosismo.

O coração batia em seus ouvidos e ela podia jurar que desmaiaria a qualquer segundo. A única vez que sentiu algo do tipo foi quando decidiu fazer uma tatuagem com Trish, sua melhor amiga, mas a mera visão da agulha nas mãos do tatuador fez seus joelhos vacilarem e a cor do seu rosto sumir. O pânico a cegou de tal maneira que mesmo Patricia segurando firme em sua mão não a acalmou, quando deu por si já estava dentro do carro se sentindo ridícula.

Definitivamente não tinha a coragem insana de Trish, era o lado esperto da dupla. Ela era a garota que sabia dar um nó como ninguém, não a que pulava de bungee jump.

Não era nem de longe Patricia e em dez minutos seria a Sra. Rhodes se não fizesse nada. Seiscentos segundos a separavam de ser Diana Quinn em uma casa maior com um marido um pouco menos pior.

Sua realidade a atingiu como um tijolo tão forte que perdeu o ar e mesmo contra todas as previsões, por alguns minutos ela foi Patricia Abernathy quando em um rompante de coragem cega pegou sua bolsa de viagem e abriu a porta do quarto para correr até alcançar o elevador com as portas abertas no final do corredor.

Seus dedos bateram insistentes em vários botões do painel, na esperança que as portas se fechassem logo. Quando as mesmas finalmente cerraram pode vislumbrar a cerimonialista indo a sua porta novamente, entretanto dessa vez ela não saberia quantos minutos mais tinha. Só sabia que finalmente estava livre da sensação horrível em seu estômago.

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