04. Fake Friends, Real Diamonds

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— Uau, é como fazer parte de House of Cards. Pessoas ricas são malucas.

Mathilda constatou ao ver sua sala completamente tomada por malas e caixas. Ao seu lado Benjamin, que comia um sanduíche pela metade, concordou de boca cheia: aquele drama era digno de um filme para a TV.

Depois que Diana e Patricia saíram, um homem vestido com um terno fino veio trazer o que eles suspeitavam ser a mudança da senhorita Quinn. A mesma havia pedido licença e ido para o quarto alegando não estar se sentindo bem. Coube a ela e ao irmão empilharem tudo onde dava e esperar a notícia assentar.

— O que a gente faz agora? — Benjamin resmungou apontando o corredor dos quartos com a cabeça — Você tem que conversar com ela.

— Eu?! 'Cê tá maluco? Você adotou ela, você que converse. — rebateu.

— É, mas você é mulher.

Tillie o deu um olhar cheio de preguiça e raiva e cruzou os braços em frente do peito. Depois de faxinar a casa, encaminhar o jantar e ficar como mediadora numa briga que nem lhe cabia, tudo que ela precisava era de um comentário machista para terminar o dia bem.

Ben engoliu em seco ao identificar aquele olhar. Anos na polícia encarando ameaças de gente da pior laia não o fizeram esquecer que o perigo real estava dentro de casa e tinha 1,65 de pura fúria dentro de si.

— Quero dizer, você é enfermeira, tem jeito pra falar com as pessoas. Eu sou policial, as pessoas se sentem oprimidas com a minha presença forte. — tratou de consertar e sabiamente afastou o vaso de cerâmica que estava ao alcance da loira.

— Não convenceu, quer tentar outra vez?

— Tá legal, eu sou uma merda em tentar consolar e aconselhar os outros, ok? Você sabe falar com as pessoas. Você quer que eu entre naquele quarto e tome o depoimento dela? Porque é isso que eu sei fazer. — Ben soou levemente derrotado ao praticamente vomitar seu discurso, o que fez Tillie quase se sentir mal por ele.

Quase.

— Você quer que eu fique amiga dela. — constatou cerrando os olhos para ele — Não vai rolar, desculpe.

Deu as costas seguindo para a cozinha, pronta para terminar seu jantar e seguir para a cama logo em seguida deixando os outros resolverem seus próprios problemas.

O loiro a seguiu levando os braços acima da cabeça e os sacudindo a xingando no mudo. Tinha quase certeza de que se usassem Mathilda como uma bola de demolição para derrubar um prédio o resultado seria o mesmo, pois nada no mundo era páreo para a cabeça dura da mulher.

— Ok, você me pegou. — resmungou sentando no balcão da cozinha despojadamente — É só que eu tenho medo dela interpretar errado se eu for lá e me oferecer como ombro amigo. Quer dizer, olha só pra mim! — tentou ser engraçado, ganhando um olhar de desaprovação da irmã. — Ela precisa de uma amiga agora, não de um cara estupidamente bonito sendo sensível e bagunçando a cabeça dela. — continuou, sem se importar em soar pretensioso.

— Nisso você está certo, fique longe de encrenca, Benjamin. Eu sinto o cheiro de problema nela a quilômetros de distância. Ela é a porra de uma bomba esperando você errar o fio pra explodir bem na sua cara.

— E você descobriu isso só de passar vinte minutos com ela em dois dias? — Ben não economizou na careta de surpresa — Juíza Judy¹ sentiria inveja.

Mathilda não se deu ao trabalho de responder, apenas o ignorou pela próxima meia hora enquanto grelhava a carne e passava as cenouras que havia cortado na manteiga. Ben sabia o que o tratamento silencioso significava, ela estava pensando e fazendo seus cálculos mentais.

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⏰ Última atualização: Nov 06, 2017 ⏰

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