Josh está de volta na floresta. Ele não sabe como foi parar lá, ele apenas está lá. Os pés dele parecem ter vida própria, levando ele pra onde eles querem ir. De repente, ele se encontra em frente a árvore. A mesma árvore com uma história sombria. História que é muito recente, e muito triste. Muito.Josh consegue ver coisas que ninguém mais consegue. Coisas que não estão realmente alí. Para os vivos, pelo menos. Ele consegue ver o passado; a retenção de resíduo de energia e emoção. Ele pode ver tudo que já aconteceu naquele lugar onde agora, ele está em pé. Qualquer pessoa que passou por alí, qualquer conversa, qualquer folha que caiu daquela árvore. Tudo. Algumas memórias são pateticamente insignificantes, outras, desempenhando um papel-chave na história.
Indepedentemente, qualquer lugar no planeta Terra contém camadas e camadas de memórias. Na maioria das vezes, Josh consegue simplesmente ignorar elas, mas se ele escolher, ele pode vê-los aliviar-se como se de um projetor. E é exatamente isso que as memórias são: uma projeção. Simplificando.
Algumas são mais fortes que outras, pensamentos não tão fortes para Josh ter um tempo difícil controlando eles. Eles costumam ser tão difíceis, quase impossível de subjugar, mas ao passar do tempo, ele aprendeu. Embora fosse diferente de qualquer coisa que ele já conhecia e ele não tinha ninguém para guiá-lo, ele nunca teve um problema até agora.
As memórias - ou melhor, pesadelos - começaram a se desdobrar antes que Josh pudesse controlá-las. É como estar em pé em um tapete apenas pra tê-lo arrancado de baixo de você e então escutar a risada cruel de todos os seus "amigos" que te rodeiam até você não conseguir respirar mais.
Tudo acontece muito rápido. O argumento, Tyler gritando, Josh atacando. O sentimento que nenhum dos dois consegue explicar. A emoção, o temor. Tyler correndo, chorando. Josh se sentindo horrível por não pensar e ainda, continua sem pensar. Uma pilha de culpa, desculpas, conflitos emocionais, ele simplesmente decide deixar a floresta, e onde ele vai, até mesmo ele desconhece.
Ele se deixa se afogar nas ondas azul-preto, ele deixa elas o levar para ao inexistente, e por um tempo, apenas deriva. É tão frio e vazio, o fluxo e o refluxo do nada. É tão pacífico e melancólico, sua tristeza sendo afogada por si mesma. Em si mesmo.
Josh não sabe por quanto tempo ele deriva, mas de repente, algo muda. A corrente torna-se mais rápida e mais forte, mas o ar permanece imóvel. Damasiado imóvel, muito imóvel, como em antecipação. Algo está errado.
Josh é acordado como em um sonho em que encontra seus pés firmemente plantados em uma cama de agulhas de pinheiro, na própria borda da floresta. Ele sente o cheiro das árvores verdes misturado com ar fresco e outra coisa que não deveria estar lá e que ele não conseguia explicar. Então de repente, ele se lembra do que o cheiro era. Fumaça. Correndo o mais rápido que pode, ele chega à clareira onde deveria estar a casa de árvore dele e de Tyler, agora engolido em chamas. Um sentimento de afundamento toma conta de seu corpo.
Tyler está dentro da casa da árvore. Tyler fez isso. Ele fez isso com ele mesmo.
Como Josh descobriu, nem ele sabe. Como se ele deslocasse dois pedaços de um quebra cabeça e elas se juntasse. Essas peças completam uma imagem, e o que a imagem revela faz com que Josh se arrependa de ter inciado aquele quebra cabeça.
Agora tudo está indo rápido demais. A forma como as chamas resplandecem, como a árvore balança, como o avião voa acima, completamente esquecido da tragédia abaixo. Os pensamentos de Josh estão muito rápidos para serem pegados. Ele quer ser salvo. Ele está indo muito rápido.