numero 6

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Edna é dona da sensação que me desprende do corpo, que me perde em alucinação. Foi ela quem leu minhas poesias em voz alta – baixa – sentada na grama, com os dentes brancos aparecendo em metade das palavras. Odeio Edna por tanto, por tão pouco conhecimento. Odiei todos os sarcasmos, as ironias e os deboches. As risadas depois de cada final de poema. Ao mesmo tempo em que tenha me prendido nos comentários. Eu quero melhorar, disse. Você vai, ela sorriu. Foi a primeira e única vez que a olhei nos olhos. Edna me ensinou em uma noite... O que eu não aprenderia em dias. Foi ela quem disse, com total sinceridade, o que sentia diante de cada frase escrita por mim. Não a precisei pagar. Não ouvi nenhum "eu amei, isto está perfeito". O que eu precisava era bem mais que isso. Ainda preciso.

Todos os dias – como escritor – eu preciso de Edna.


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