O filme havia acabado e então Mariana se levantou para desligar o DVD, foi assim que desviei a atenção e parei de olhar para Henry. Durante aqueles minutos nos entreolhando pude perceber que ele parecia realmente gostar de mim, mas qual seria o próximo passo? Tipo eu acho que gosto dele e ele gosta de mim, e o fato de nunca ter namorado ou não ter facilidade de fazer amizade não ajudava muito. É claro que eu não teria coragem de contar ou até mesmo de conversar com ele, talvez se ele viesse conversar comigo...
Ficamos alguns minutos ali conversando sobre o filme, e como eu não havia visto todo o filme, acabei não falando muito, assim como o Henry que apenas trocou algumas palavras. Já a Anna não parava de comentar, juntamente com a Mariana e o Mattew.
- Gente o filme foi ótimo, mas eu tenho que ir embora. - Anna falou se levantando.
- Tudo bem, foi bom ter todos vocês aqui, obrigada por terem vindo. - Mariana agradeceu dando um abraço na Anna e depois em mim.
- Ei, Anna não é? - O garoto moreno falou. - Quer que eu a acompanhe até a sua casa?
- Eu vim com a Maddie, então ela é nova e pode não saber o caminho de volta...
- Não tem problema, pode ir, eu sei voltar sim. - Interrompi a Anna, que olhou para mim um pouco assustada, mas só fiz isso porque vi que ele estava afim dela.
- Você tem certeza? - Anna pareceu querer dizer algo a mais que aquelas palavras.
- Absoluta.
- Serio mesmo? - Ela duvidou e eu concordei com a cabeça.
Mariana os acompanhou até a porta. Anna se virou e sussurrou "você vai me pagar", ri daquela situação e dei um leve aceno. Mattew estava mexendo no celular e Henry estava apenas parado também olhando o celular.
- Também já vou indo Mariana, foi uma tarde muito agradável.
- Obrigada Maddie, se quiser vir aqui em casa é só me avisar, você sempre será bem vinda.
Sorri e abracei. Ouvi Henry dizer para o Mattew que também iria embora, pois já estava ficando tarde. Ela abriu o portão e eu sai caminhando em direção ao orfanato. Alguns passos dados e ouço alguém me chamar, e não era qualquer alguém, era o Henry. O que eu iria dizer, ele sabe que eu estava olhando naquele lindo rosto e talvez até saiba que eu gosto dele. Porque eu estou tão nervosa.
- Posso acompanhá-la até o orfanato? - Falou tentando me alcançar.
- Claro. - Dei passos mais lentos para ele me acompanhar.
Naqueles segundos em silêncio, eu me perguntava por que havia deixado Anna ir sozinha. Eu estava confusa, queria estar perto do Henry, mas quando estou com ele quero simplesmente desaparecer. Porque isso está acontecendo comigo? Será que sou só eu que me sinto assim?
- Posso fazer uma pergunta? - Ele cortou o silêncio.
- Pode sim. - Tentei agir naturalmente, não demonstrando o nervosismo.
- Como você chegou no orfanato? - Percebi que ele ficou serio e curioso para saber a minha resposta.
- Para falar a verdade foi uma coincidência. Depois que meus pais morreram, meus tios pegaram a minha guarda, é claro que eu os conhecia, mas não os via muito. - Falei não deixando passar os detalhes importantes. - O que o governo não sabia era que eles eram pessoas ruins, me batiam sem motivo, não me deixavam chorar e eu só comia e ficava com as sobras deles. Para meus tios eu não era nada, o que realmente queriam era o dinheiro. Daí um dia eu fugi, sai na noite escura e fria, pensei que seria melhor eu sofrer fora de casa do que com eles. Foi então que adormeci na frente do orfanato e o governo tirou a minha guarda deles e me mantiveram no orfanato, disseram que era melhor eu ficar ali do que com meus avós pois o convívio com outras crianças e a aprendizagem seria melhor e sempre que posso visito meus avós.
- Nossa, eu não imaginava que tudo isso havia acontecido contigo. Mas não tem nenhum outro parente com quem morar?
- Meus avós estão muito idosos para cuidarem de mim, e o governo deixou a minha guarda com o orfanato, e eu só tinha um tio. Não tenho mais nenhum parente que eu conheça. Além do mais, já me acostumei com a vida aqui no orfanato. Acho que foi bom para mim.
- Que bom que está feliz, ou que pelo menos aparenta estar.
Sorri diante aquelas palavras. Me senti um pouco mais confortável conversando e menos nervosa. Então me deparei com uma lembrança, a carta. Ele havia escrito a carta para mim, o garoto que me conhecia desde antes dos meus pais morrerem, por isso perguntou como eu havia parado ali no orfanato.
- Como você se lembra de mim? - As palavras apenas saíram da minha boca livremente sem se quer minha autorização. - Digo a carta... A corrente... Meus pais... A escola... - gaguejei voltando a ficar nervosa.
- Digamos que tenho uma boa lembrança. Quando estávamos na escola eu te achava a menina mais bonita da classe, e era verdade, acho que a primeira vez que me apaixonei foi por você, só não sabia. - Senti meu rosto corar e um sorriso formar no meu rosto. - Ainda bem que você continua linda.
- Obrigada, eu acho. - Agradeci sem se quer olhar para ele. - Mas e você, como foi mesmo que você foi parar no orfanato?
- Meus pais eram viciados em drogas e moravam na rua, quando nasci minha mãe acabou morrendo no parto por causa de uma infecção e o meu pai bem, nunca apareceu, tudo que eu sei é que ele era viciado em drogas, até hoje nunca descobriram quem ele é, mas já não me importo mais.
- E você não tem outros parentes?
- A irmã da minha mãe também morava nas ruas e não tinha condições de cuidar de mim. Talvez ela ainda esteja viva, mas nunca tive contato com ela e nem com outros parentes.
- Nossa que triste. Pelo menos você está no orfanato desde que nasceu, é duro tirar de você aquilo que mais amava.
- Eu te entendo Maddie, mas lembre de que eles te amavam muito e que queriam te ver feliz.
Havíamos chegado à esquina do orfanato. P arei e olhei para ele quando terminava a frase. Seus olhos estavam brilhando e aquelas palavras que saiam da sua boca eram verdadeiras. Pude ver que ele olhava para mim de um jeito carinhoso e amigável. Ele esticou os braços para um abraço e eu retribui o abraçando. Seu perfume tinha um cheiro de floresta, encantador. O toque de suas mãos nas minhas costas foram leves e suaves, me deixou confortável diante aquela situação.
- Vai fazer alguma coisa amanhã?
- Vou visitar os meus avós e passar a tarde com eles. - Percebi que o seu olhar ficou um pouco triste. - Por quê?
- Eu ia te chamar para ir em um parque de diversões, mas tudo bem, vamos em um outro dia.
- Pode ser.
- Você vai sair comigo? - Pareceu curioso com a minha resposta, talvez porque eu havia recusado a primeira vez que ele havia me chamado para sair.
- Eu nunca fui em um parque de diversões, pode ser legal. - Eu realmente falava a verdade, um dos lugares que eu gostaria de conhecer era o tal parque de diversões.
- Vai ser o melhor dia de todos. - Ele então beijou a minha bochecha. - Até breve Maddie.
- Até breve Henry. - Sussurrei. Eu sentia toda a minha bochecha corar.
Com certeza seria o melhor dia de todos.
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Maddie - A garota do telhado
RomanceMaddie é o tipo de garota cheia de sonhos, mas tudo isso mudou quando seus pais morreram em um acidente de carro. Acaba indo para um orfanato na tentativa de fugir dos seus tios. Agora aos 16 anos, sua vida está prestes a mudar, pois uma nova amiz...