02. nowhere

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Um som irritante fez com que eu perdesse a linha de raciocínio e puxasse o meu celular do bolso. A tela brilhava e o nome do meu pai aparecia juntamente de uma foto dele. Deixei os meu olhos rolarem ao perceber o quão teimoso o meu pai pode ser e sem querer ser grossa, atendi a ligação.

"Eu pedi para que não me ligassem" foi a primeira coisa que eu disse depois de fechar os olhos já esperando por um berro do homem no outro lado da linha.

"Blue aonde você está?" ele perguntou com a voz eufórica, enquanto choros podiam ser escutados logo por debaixo da sua fala.

"Bem longe" murmurei.

"Quero você em casa, agora"

"Não pai, eu não vou voltar" eu mantive  a minha calma e então suspirei antes de voltar a dizer: "agora por favor, não me ligue mais"

Eu encarei a tela inicial do meu telefone depois que a chamada acabou e senti o meu estômago roncar de fome. Se passavam das cinco e eu ainda estava andando para algum lugar, onde eu pudesse passar a noite. Eu não tinha uma grande quantia dentro da mochila, nem pouco; eu tinha o suficiente para me estabilizar até arranjar um emprego. 

O letreiro grande do outro lado da com os dizeres 'Frosty King' fez com que eu andasse até lá para matar a minha fome. Eu não como desde cedo e então até mesmo um hambúrguer super gorduroso com batatas fritas e um bom copo de refrigerante seriam uma ótima e maravilhosa escolha.

"Bem vinda a Frosty King" um rapaz alto e bonito me sorriu simpático, quando me sentei no balcão quase vazio.

Eu olhei o interior da lanchonete com curiosidade, ela parecia ter saído de algum dos filmes estilo Grease. Os bancos de couro vermelho com as mesas claras e presas no chão. O balcão não era lá tão diferente assim, apenas pelos bancos altos com um encosto pequeno. Eu voltei o meu olhar para o rapaz e lhe sorri de volta murmurando um quase inaudível "obrigada".

"O que vai pedir?" ele perguntou, jogando o pano de prato por cima do ombro para então pegar um bloco de notas e uma caneta no bolso do avental sujo que estava preso na sua cintura.

"um... Um hambúrguer com uma porção de batatas fritas e um copo médio de coca-cola" eu respondi ainda com o meu sorriso no rosto.

"Qualquer hambúrguer?" ele perguntou, levantando os olhos castanhos do papel para me encarar com um sorriso de lado.

"Um que não seja muito caro" eu disse e então ele riu, dizendo que em minutos estaria pronto.

Depois do atendente simpático me deixar sozinha com os meus pensamentos, eu tirei o meu telefone do bolso da frente da calça e tente achar algum lugar pela internet onde alguém estaria disposto a dividir nem que fosse um pequeno apartamento. Eu não sei se passei muito tempo encarando a tela pequena do meu aparelho, mas que eu só fui chamada para a realidade quando o atendente apareceu com o meu pedido.

Eu comi como se fosse algum tipo de pessoa necessitada, o que acabou por chamar atenção de algumas pessoas em volta. O som do  sino que ficava preso perto da porta de entrada tocou e eu não me importei totalmente em alimentar a minha curiosidade, me virando para ver quem era. A calmaria da lanchonete então foi tomada por palavras altas e risadas.

"Realmente, quem é vivo sempre aparece" a voz do atendente riu ao olhar para a pessoa que havia acabado de se sentar ao meu lado.

Embora a minha curiosidade estivesse me matando para ver o grupo que acabara de chegar, eu tentei me conter pegando um pedaço de guardanapo. "Licença" eu chamei a atenção de uma mulher que estava sentada em uma cadeira velha do outro lado do balcão; ao me olhar, ela se pôs de pé e veio até mim. "Você teria uma caneta?" perguntei e assim ela me entregou uma.

A Change of Heart ¡m.h!Onde histórias criam vida. Descubra agora