00. beginning

432 45 12
                                    

"When you grow up, your heart dies" — The Breakfast Club

Eu não lembro muito bem a última vez que o meu peito se derreteu em felicidade, deixando um sorriso sincero se abrir no meu rosto. Eu não lembro pois faz muito tempo e provavelmente eu era muito nova, não sabia que aquela seria a última vez que eu sentiria tantas emoções juntas resultando em uma das melhores sensações do mundo: ser feliz e amado. 

Quando eu completei oito anos meu pai contou o que realmente aconteceu: minha mãe havia ido embora semanas depois de dar a luz, deixando um bilhete dizendo que não aguentaria viver uma mentira e cuidar do fruto dessa mentira – que no caso era eu. Eu de começo não sabia como realmente lidar com isso, eu tinha tantas coisas para lhe contar quando ela voltasse da longa viajem de trabalho – como meu pai dizia –, mas nunca aconteceu e eu apenas esperava e esperava; até finalmente – depois de me contar tudo isso – no meu aniversário de oito anos, ele me deu um pequeno bloco de capa dura e sem linhas, para que eu fizesse daquilo o que viesse em mente. 

E eu fiz.

Eu passei dias e noites escrevendo naquele caderno como se eu contasse tudo pra minha mãe, como às vezes eu me sentia sozinha e triste mas que não me fazia diferença, já que depois de alguns minutos eu já me via rindo de algumas palhaçadas que passava na TV. Mas de uma hora pra outra tudo se tornou mais complicado e difícil de lidar; eu comecei a realmente sentir falta da minha mãe, a me manter sozinha durante o intervalo na escola, ignorava alguns convites para festas ou apenas para brincar na rua com as outras crianças. Eu já não era mais a mesma, eu percebia quando me pegava escrevendo palavras de ódio e frases quase na maioria das vezes suicidas. É até patético pensar nisso depois de longos onze anos.

Mas então mais uma grande mudança aconteceu na minha vida.

Meu pai conheceu uma mulher mais nova, uns cinco anos mais ou menos, e se dizia apaixonado por ela como nunca se sentiu por ninguém – nem mesmo pela minha mãe. Eu já tinha uns doze anos quando isso aconteceu e não me importava realmente se aquilo me causaria algum problema, mas causou. Depois do casório do meu pai com essa mulher cujo nome é Daisy, posso dizer que eu me tornei um pouco mais invisível para o resto da minha família. Houve o anunciamento de que ela estava grávida e então toda a atenção de todos os parentes foram voltados pra ela e para o futuro bebê que estaria por vir nove meses depois. Eu já não recebia tantas mensagens de aniversário – na maioria das vezes até esqueciam da data –, já não importavam mais se eu ia ou não nas reuniões de família.

Foi então, no meu aniversário de quinze anos que eu comecei a planejar uma vida nova, fora de casa e talvez até mesmo fora da cidade. Eu me tornei disposta a aceitar qualquer oportunidade que caísse na minha frente como uma chance para recomeçar e me sentir novamente aquela criança que eu era onze anos atrás, antes de ter a minha vida toda virada do avesso. Meu bloco já mal fechava por ter tantos papéis avulsos enfiados entres as páginas rabiscadas com poemas, textos, desabafos e desenhos. 

Eu precisava de um refúgio maior do que um simples bloco com duzentas páginas.

----
----

a/n

hola mi amigas y amigos //falei td cagado mas ta valendo//

O que acharam dessa pequena introduçaozinha?

Nos vemos no "the next"
Kisses

p.s.: me perdoem qualquer erro ortográfico, n sou expert

A Change of Heart ¡m.h!Onde histórias criam vida. Descubra agora