04. adam

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Eu me remexi pela milésima vez na cama esperando que o desconforto passasse e que eu pudesse enfim voltar a dormir. Mas não foi o que aconteceu. Eu tinha o travesseiro com a fronha branca em cima da minha cabeça e resmungava cada vez que a minha cabeça latejava mais e mais, como se ela fosse explodir a qualquer momento. Quando decidi então me colocar sentada na cama foi pior ainda; a tontura fez com que eu cambaleasse algumas vezes antes de enfim querer chorar com a dor de cabeça.

Apertei o botão do meu celular e o relógio marcava uma e quarenta da tarde, o que me deixou confusa por pensar ainda ser bem cedo. O cheiro de ovo e bacon invadiu o meu quarto fazendo com que eu me levantasse e me arrastasse até a cozinha, onde vi Matty diante do fogão apenas com a calça preta – provavelmente de ontem.

"Bom dia ou boa tarde, meus sentidos já eram" eu resmunguei, me sentando na cadeira de madeira.

Apoiei o meu braço na mesa ao lado e pude ouvir um riso vindo do garoto cacheado na minha frente. "Boa tarde moça" ele respondeu antes de se virar e vir com a panela até mim. "Eu também não acordei tão cedo assim." disse, jogando os ovos em cima de um prato limpo, junto com os bacons.

Matty largou a panela na pia e veio se sentar comigo na mesa, depois de pegar uma jarra de suco. "Como vai a sua primeira ressaca?" perguntou.

"Pra uma primeira não está sendo nada legal. Mas a gente sobrevive né" eu respondi, comendo o ovo.

Um silêncio confortável tomou conta da cozinha enquanto eu e Matty tomávamos o café, o que eu particularmente não me importei em procurar algum assunto pra conversar. Porém, a minha paz interior matinal foi interrompida quando eu me lembrei de algo que devia fazer hoje: procurar um emprego.

"Droga" eu murmurei, terminando o suco e me colocando de pé.

"O que foi?"Matty perguntou, um tanto confuso.

"Tenho que procurar emprego hoje e não estou psicologicamente bem pra isso" eu respondi e ele se levantou.

"Não precisa" ele disse e eu o olhei confusa. "No tempo certo você vai descobrir sozinha; mas não é necessário você procurar um emprego" ele riu antes de começar a lavar a louça.

Eu decidi deixar Matty na cozinha depois dele insistir dizendo que cuidava de tudo sozinho. Voltei ao quarto e separei uma roupa limpa antes de ir ao banheiro tomar um banho gelado pra ver se pelo menos assim a minha ressaca melhora. Durante o banho eu não consegui deixar de pensar nas palavras que meu pai disse ontem, ele parecia realmente irritado com tudo isso; mas novamente, eu não me importo mais. Eu já sou grande o bastante para sair de casa e viver o por mim mesma

Mas e seu eu precisasse voltar?

Não, eu não vou precisar voltar.

Quando finalmente saí vestida do banheiro, encontrei Matty saindo do seu quarto com as suas típicas roupas e jaqueta pretas. "Vou encontrar os outros, que vir?" perguntou, olhando a tela do celular por um momento. Encolhi os ombros como resposta e fui calçar o meu converse preto, voltando a encontrá-lo na sala em pé diante da TV.

"Vamos" eu disse com um sorriso no rosto.

Comparada a ontem eu me sinto mais solta e talvez livre, como se turdo se tornasse ainda mais fácil depois de conhecer algumas pessoas e claro, conseguir um lugar pra ficar. 

O caminho até o que eu descobri ser a casa de Mark, foi um pouco longo,mas nada que uma boa música e eu eu Matty cantando alto. Estava realmente valendo a pena tudo isso. 

Quando chegamos, eu e Matty descemos do carro e fomo de encontro ao grupo parado na porta da casa de Mark. "Graças a Deus seus molengas" George disse, abrindo os braço e nos apertando em um abraço com cheiro de cigarros e álcool.

A Change of Heart ¡m.h!Onde histórias criam vida. Descubra agora